Resumo da notícia:

  • Serpro testa Digital Check, ferramenta baseada em blockchain e no padrão Open Badge.

  • Ferramenta foi criada para o setor educacional, mas pode ser adotada por órgãos públicos e entidades certificadoras.

  • Representantes do Serpro, CVM e Petrobras defendem regulamentação a adesão de diversos atores ao ecossistema blockchain.

O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) apresentou na última quarta-feira (15), durante o Cardano Tech Summit 2025, no Rio, o “Digital Check”, ferramenta em blockchain para criação de validação de credenciais.

Segundo o Serpro, a solução, ainda em fase de testes, traduz em prática os conceitos de autenticidade, transparência e soberania digital. A ferramenta permite criar e validar credenciais digitais seguras, integradas ao Gov.br e registradas na Rede Blockchain Brasil (RBB). 

A empresa pública acrescentou que o Digital Check foi desenvolvido com base no padrão internacional Open Badges, conhecidos como “medalhas digitais", microcredenciais ou tokens que representam habilidades, conhecimentos e conquistas, como certificados digitais, por exemplo.

O Serpro informou ainda que a plataforma foi concebida inicialmente para o setor educacional, mas pode ser adotada também por órgãos públicos e entidades certificadoras. Durante o Summit, a estatal realizou um teste de mercado no estande, no qual participantes puderam emitir e validar badges digitais em tempo real, experiência que evidenciou o potencial da tecnologia para fortalecer a confiança em processos digitais.

O Serpro Digital Check demonstra como a estatal pode ajudar a mitigar problemas relacionados à falsificação por meio de registros imutáveis em blockchain que podem ser verificados gratuitamente por qualquer pessoa, afirmou o gestor de Produtos Transversais do Serpro, Marco Túlio Lima.

Ele também integrou o painel “Digital Transformation, Education, Blockchain, and New Markets”, mediado por Cláudia Mancini, durante o Summit, ao lado de Francisco Carvalho (Blockchain Rio), Josué Borsoni (Comitê Olímpico do Brasil) e Bruno Costa (Klever), onde pode falar sobre como a blockchain vem sendo empregada pelo Serpro para promover a transformação digital de serviços públicos e aumentar a segurança, citando cases como a da CIN (Carteira de Identidade Nacional).

Avanço da blockchain

O avanço da blockchain como ferramenta estratégica para a transformação digital do Estado também foi o centro de um painel que reuniu representantes do Serpro, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Petrobras, durante o Cardano Tech Summit 2025, no Museu do Amanhã.

Trabalhar com inovação nunca é simples. É um campo que envolve muita gente — governos, empresas, reguladores, agências de fomento — cada um com suas visões, seus tempos e seus interesses", iniciou a mediadora Daniela Alves.

Ela, em seguida, provocou os participantes do painel, questionando:

Como essa colaboração entre todos esses atores pode, de fato, acelerar a adoção responsável da blockchain no setor público brasileiro? Não apenas como uma tecnologia, mas como uma mudança de cultura, de mentalidade?

Representando o Serpro, o assessor da Diretoria Kléber Santos destacou que a inovação tecnológica no Estado deve caminhar junto com a soberania digital. 

Essas parcerias entre Estado e empresas levantam a questão da soberania, que é central no debate atual sobre tecnologia. O Serpro trabalha nesse sentido com o projeto Nuvem de Governo, garantindo que os dados circulem em território nacional, em centros de dados geridos por profissionais brasileiros”, afirmou.

Santos acrescentou que o Serpro está se preparando para se tornar o primeiro nó validador público em uma rede blockchain nacional, um passo inédito que reforça a busca por autonomia tecnológica e transparência.

Estamos criando uma cultura de inovação dentro do principal vetor de transformação tecnológica do Estado brasileiro, que é o Serpro. Inovar com soberania é garantir controle, rastreabilidade e confiança, detalhou.

Regulação e segurança jurídica

Pela Petrobras, o advogado Adriano Manso ressaltou que o avanço da blockchain depende de um ambiente regulatório sólido e de debates qualificados.

Eventos como este são fundamentais porque promovem discussões que vão além da tecnologia blockchain, envolvendo regulação, segurança e impacto social. Precisamos de espaços que reúnam governo, empresas e academia para construir soluções seguras e sustentáveis. A segurança jurídica é essencial nesse processo, é ela que oferece previsibilidade e confiança para que empreendedores e desenvolvedores possam inovar de forma responsável, salientou.

Manso lembrou ainda que, em países como os Estados Unidos, o setor só amadureceu após amplos debates.

Lá houve vontade política e regulatória de avançar. É esse ambiente de previsibilidade e confiança que precisamos consolidar também no Brasil, lembrou.

O representante da CVM, Jorge Casara, complementou o debate com uma analogia entre a blockchain e as infraestruturas públicas.

As blockchains são como rodovias digitais, estruturas descentralizadas por onde transitam informações e valores. O papel das instituições é torná-las mais acessíveis, competitivas e seguras, permitindo que mais atores participem desse ecossistema”, explicou.

Casara também destacou a importância da educação e da capacitação técnica como pilares para o avanço da tecnologia.

Ainda há uma defasagem significativa em muitos grupos, inclusive no governo. Parcerias entre empresas como a Cardano e estatais como o Serpro e a Petrobras são fundamentais para formar profissionais e fortalecer uma política industrial de blockchain nacional, concluiu.

Em outro caso de uso da blockchain, a Tanssi anunciou esta semana uma parceria com a Trexx para monetizar eSports através da tecnologia, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.