Resumo da notícia:
Méliuz e OranjeBTC revela que devem redobrar suas apostas no BTC.
Especialista associam tesourarias de Bitcoin à bolha da internet.
Baixo endividamento e potencial global de crescimento do BTC sustenta otimismo das empresas.
Listadas na B3, as tesourarias de Bitcoin (BTC) brasileiras Méliuz e OranjeBTC devem redobrar suas apostas no BTC nos próximos meses, de acordo com informações do Valor desta semana.
Na contramão do entusiasmo, especialistas apontam incertezas em relação à resiliência desse modelo de negócios em tempos de baixa do mercado.
De acordo com a reportagem, o diretor de relações com investidores, Marcio Penna, e o líder da estratégia de Bitcoin da empresa, Diego Kolling, revelaram que o Méliuz deve investir toda a sobre de caixa da empresa na recompra de Bitcoin. O que corrobora para a combinação de três fatores necessários a corporações desse segmento: capital aberto, baixa avaliação na bolsa e liderança que acredita na tese das criptomooedas.
Segundo Penna, o CEO do Méliuz, Israel Salmen, compreendeu que o Bitcoin é o melhor ativo do mundo quando o assunto é retorno no longo prazo.
O Méliuz anunciou sua estratégia de compra de Bitcoin em março e, no dia do anúncio, suas ações subiram 16%. Elas chegaram a crescer 224% até maio, mas depois começaram a cair, desvinculando-se do desempenho do Bitcoin. Apesar disso, a fintech mineira anunciou no início desse mês um programa de recompra de suas ações.
A equipe de análise do BTG Pactual observa que a ideia de tesourarias de Bitcoin ainda está em fase inicial e levanta dúvidas sobre sua viabilidade ao longo do tempo, especialmente em períodos de baixa no mercado. O banco recomenda a compra das ações do Méliuz, com um preço-alvo de R$ 9 em nove meses.
Penna, por sua vez, acredita que a correlação entre o preço do bitcoin e as ações do Méliuz está aumentando, e que, à medida que a empresa amplia suas reservas de bitcoin, essa relação se tornará ainda mais clara.
Em relação à OranjeBTC S.A, que estreou na Bolsa de Valores do Brasil (B3) no último dia 7 como a primeira empresa 100% voltada ao Bitcoin na América Latina, através de uma Oferta Pública Inicial (IPO) reversa, adquirindo a empresa de cursinho Intergraus por R$ 15 milhões.
Desde sua estreia, a OranjeBTC já possui 3.691 unidades de Bitcoin, seis vezes mais do que o Méliuz, mas suas ações recuaram 29,5% desde o lançamento, segundo observou a reportagem. Apesar disso, o CEO da OranjeBTC, Guilherme Gomes, acredita que a exposição ao Bitcoin por meio de empresas é a melhor alternativa, especialmente para investidores que enfrentam restrições regulatórias. No exterior, outras criptomoedas como Ether (ETH) e Dogecoin (DOGE) também estão sendo incorporadas a tesourarias.
Gomes ressalta que a OranjeBTC possui uma dívida controlada e ativos significativos, reduzindo o risco de insolvência. Ele destaca ainda que os custos da empresa estão atrelados ao Bitcoin, minimizando o impacto de uma possível queda da moeda. No entanto, esse otimismo está longe de ser unanimidade, quando o assunto são as tesourarias de Bitcoin.
No time dos pessimistas, Brian Estes, da Off The Chain Capital, compara essa situação à bolha da internet de 1998, levantando questões sobre a segurança das empresas que investem em ativos digitais. Isso porque essa prática não inclui apenas o uso de recursos próprios, mas também a captação de fundos por meio de dívidas e ações, iniciativa inaugurada pela estadunidense Strategy, do Bitcoiner Michael Saylor.
Guilherme Gomes, no entanto, argumenta que 90% do capital do mundo não pode comprar Bitcoin ainda por restrições regulatórias ou mandatos, de modo que a exposição via empresas que entesouram o ativo se torna a melhor opção. Por sua vez, André Portilho, do BTG Pactual, destaca que as empresas brasileiras têm a vantagem de não estarem altamente alavancadas, o que diminui a necessidade de vendas forçadas em caso de quedas no Bitcoin.
Esta semana a Bitwise divulgou um relatório apontando que 48 novas tesourarias de Bitcoin surgiram em apenas 3 meses, conforme noticiou o Cointelegraph.
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