O esquema de possível pirâmide financeira envolvendo criptomoedas na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, fez várias pessoas terem prejuízos.
Uma delas é Carlos Monteiro da Silva, que disse ao O Dia ter recebido o convite para investir em criptomoedas dentro de uma igreja evangélica em Cabo Frio.
Carlos diz que, para investir em criptomoedas, usou o dinheiro que recebeu da pensão após a morte de um parente. Ele investiu R$ 35 mil em Bitcoins e tenta receber o dinheiro de volta.
Carlos procurou a polícia depois de descobrir que o empresário João Marcus Pinheiro Dumas Viana era um dos alvos da segunda fase da Operação 'Kryptos'.
O empresário é acusado de ser um dos operadores do esquema e teria sido ele, segundo Carlos, quem o convenceu a investir.
As conversas aconteciam dentro de uma sede da Igreja Universal em Cabo Frio e o investidor chegou a afirmar, segundo o jornal, que recebeu ameaças de morte do operador da GAS Consultoria.
"Eles alteraram o contrato que era de 12 meses para 24 meses. Em uma conversa, ele (João Marcus) pediu para eu assinar a promissória. Ele disse que tanto ele, quanto os seguranças do Glaidson estavam cansados de mim. Eu perguntei se era ameaça e ele disse para que entendesse como quisesse".
Glaidson Acácio é o ex-garçom dono da GAS Consultoria. Ele foi preso no dia 25 de agosto, na primeira fase da operação.
Como noticiou o Cointelegraph, a Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (09) a segunda fase da Operação Kryptus, que contou com o apoio da Receita Federal e que investiga a prática ilegal de pirâmide financeira.
Policiais federais cumpriram dois mandados de prisão preventiva e dois de busca e apreensão contra acusados de praticar fraudes por meio de operações com criptomoedas.
Segundo a Receita Federal, a empresa localizada na Região dos Lagos fluminense atua como se fosse um fundo de investimento, em que o investidor adquire uma quantia determinada de cotas e recebe rendimentos fixos.
A agência Brasil afirma que “como em um mercado volátil como o das criptomoedas (que incluem os bitcoins), não é sustentável prometer uma rentabilidade fixa aos investidores, a empresa recorreria a uma pirâmide financeira.”
A pirâmide é um esquema ilegal em que o lucro é gerado pelo aporte de novos clientes e não pela natureza lucrativa das operações. E, para evitar o colapso do sistema, é preciso continuar expandindo a rede de clientes.
O esquema gera enriquecimento dos mentores da pirâmide que, segundo a Receita, não declaram seus lucros ao fisco.
Como o Cointelegraph noticiou, a PF apreendeu no mês de agosto R$ 150 milhões em Bitcoin na maior apreensão de criptoativos da história do Brasil. A operação apreendeu também R$ 19 milhões em espécie, 21 veículos de luxo, relógios e joias.
A ação fez parte da primeira fase da Operação Kryptos, com objetivo de desarticular uma organização criminosa responsável por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas.
O Cointelegraph publicou que a região dos Lagos tem sido usada com frequência para golpes com criptomoedas, principalmente em Cabo Frio.
A possível pirâmide financeira em uma empresa em Cabo Frio foi destaque em toda a imprensa recentemente.
Em resposta à investigação em curso conduzida pelo Ministério Público e pela CVM, a GAS Consultoria Bitcoin divulgou uma nota negando a responsabilidade por pirâmides financeiras ou fraudes envolvendo criptomoedas.
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