Em nota divulgada em veículos de imprensa na terça-feira, a GAS Consultoria Bitcoin, sediada em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e que ganhou as manchetes por ser alvo de investigação por pirâmide financeira, negou que seja responsável por crimes envolvendo investimentos em Bitcoin (BTC).
O caso ganhou repercussão depois que uma reportagem veiculada no Fantástico, da Tv Globo, no domingo, revelou que o Ministério Público e a Comissão de Valores Mobiliários abriram inquéritos para investigar a empresa e o seu dono, Glaidson Acácio dos Santos, por suspeitas de crimes financeiros.
Em uma das investigações em curso, Glaidson responde por lavagem de dinheiro. Documentos obtidos pelos investigadores mostram que a GAS prometia lucros mensais de 10%, a partir de investimentos em criptomoedas. Em seu depoimento, no entanto, ele nega o envolvimento direto com criptoativos e diz que sua área de atuação compreende projetos de inteligência artificial, produção de softwares e tecnologia da informação.
Registros do Ministério do Trabalho, no entanto, apontam que até 2014 ele trabalhava como garçom e recebia um salário de R$ 800,00. Desde então, já à frente da GAS, Glaidson parece ter acumulado uma fortuna considerável, segundo a reportagem do Fantástico. A casa do empresário, em Cabo Frio, é avaliada em R$ 9 milhões. Em abril deste ano, três malas de dinheiro vivo somando R$ 7 milhões foram apreendidas sob a posse de um casal de funcionários de Glaidson.
Em sua defesa, a empresa declarou agir em conformidade com as leis, mantendo um relacionamento ético com os seus clientes, e se colocou à disposição para colaborar com as autoridades competentes. Na nota, afirma ainda que sua equipe de traders possui quase dez anos de experiência no mercado de criptoativos.
Ainda de acordo com as investigações, Cabo Frio tornou-se o epicentro de golpes baseados em pirâmides financeiras. Além da GAS Consultoria Bitcoin, ao menos outras dez empresas atuam na cidade sob a promessa de investimentos que oferecem retornos altos e rápidos a eventuais clientes.
Entre muitas promessas de dinheiro fácil, uma onda de violência vem se espalhando pela Região dos Lagos, uma das mais nobres do litoral do Rio de Janeiro.
Nos últimos três meses, o Cointelegraph relatou o assassinato do trader e influencer Wesley Pessano Santarém, e a tentativa de homicídio do dono da BW Corporation, outra empresa local que supostamente atua no ramo de criptomoedas. Em março, Nilson Alves, dono de uma empresa que prometia lucros de 15% aos investidores e que mora no mesmo condomínio de Glaidson, também foi baleado dentro de um carro de luxo, e ficou cego e paraplégico.
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