Acompanhado pela advogada Letícia Farah Lopes, Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, começou a depor na tarde desta quarta-feira (12) na CPI das Pirâmides Financeiras, a CPI das Criptomoedas, instaurada no último dia 13 de junho. Falando por videoconferência de uma sala em um presídio do Rio de Janeiro, onde ele se encontra preso desde agosto de 2021 no âmbito da Operação Kryptos, o cofundador da GAS Consultoria também foi assistido pelo advogado David Augusto Cardoso, que, nesse caso, se encontrava presencialmente na Câmara dos Deputados, em Brasília. 
Glaidson participou por videoconferência ao lado de sua advogada. Imagem: Reprodução YouTube/Câmara dos Deputados
A sessão chegou a ser interrompida depois que o presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (SD-RJ), acatou um pedido da defesa de Glaidson de acesso ao procedimento investigativo alegando que a procuração foi apresentada à Comissão no último dia 3 de junho. 
Enfatizando que, no caso de outros investimentos, relacionados ao mercado de ações, as gestoras têm o papel de explicar os fundamentos relacionados aos possíveis investimentos, como as informações das empresas expostas o relator, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), indagou Glaidson a respeito dos critérios utilizados por ele ao sugerir aportes em criptomoedas.
“Na verdade, os clientes da GAS não faziam investimentos em criptoativos, eles terceirizavam a equipe de traders da GAS. Nosso time de traders tinham os criptoativos e eles faziam as operações, emtão é diferente de a pessoa comprar o criptoativo. Não sei se o senhor tem Bitcoin (BTC) ou Ethereum (ETH), mas se estiverem offline, em uma carteira, o senhor é o seu próprio banco. Por isso as pessoas recebiam orientações para se libertarem economicamente e andarem com as próprias pernas, não apenas terceirizarem os serviços da GAS”, respondeu Glaidson. 
O Faraó dos Bitcoins acrescentou que os clientes da GAS eram orientados a guardarem suas criptomoedas ao investirem no longo prazo, entre 10 a 12 anos, independentemente de terceirizarem os serviços da GAS, mas justificou a terceirização dos traders pelo custo fixo de algumas pessoas, que não podem esperar pelo retorno de longo prazo. 
Faraó dos Bitcoins negou oferta pública e disse que o foco era o longo prazo.
Ao defender a diversificação dos investimentos, Glaidson disse que os investidores tinham a opção de terceirização da equipe de traders e a compra de criptomoedas para holding, visando o longo prazo. 
O parlamentar também quis saber como e se o Faraó dos Bitcoins comunicava os clientes sobre riscos e a valorização/desvalorização dos criptoativos.
“Quando a pessoa recebia nossa mentoria, ela sabia que tinha que ter o aplicativo para acompanhar, só que ela não ficava acompanhando semanalmente ou mensalmente, porque ela sabia que só ia vender daqui a quatro ou cinco anos”, respondeu Glaidson citando o potencial de valorização do Bitcoin a cada quatro anos em decorrência do halving.
Ele declarou que a consultoria da GAS tinha o caráter privado e que não se tratava de oferta pública.
“Tive a oportunidade, o privilégio de conversar com diversos funcionários da CVM, que, inclusive, alguns deles são clientes da GAS, são pessoas normais que terceirizaram os serviços da GAS, compraram suas carteiras frias […] e os clientes, na consultoria, já sabiam que a valorização do criptoativo é surreal.”
Ele insistiu que, apesar de os investidores contarem com um aplicativo para acompanhamento de preços, o foco é o longo prazo. Ao falar sobre a volatilidade e a queda de preços no inverno cripto, Glaidson ressaltou que:
“[A pessoa] não vai ficar desesperada quando o Bitcoin sai de US$ 69 mil para US$ 15 mil, como aconteceu agora, no último ciclo de alta. Nós estamos terminando o inverno cripto e entraremos no ciclo de alta, no ano que vem. Então ela sabe que o mercado vive de ciclo de alta e ciclo de baixa.”
Ao ser questionado sobre a possibilidade de ter sido usado por clientes interessados na ocultação de valores através da GAS, Glaidson afirmou que, se isso aconteceu, não foi de conhecimento dele.
“No momento que se preenche a fixa de cadastramento, sabe-se se há políticos, artistas, jogador, alguma pessoa famosa ou não […]  Os meus olhos são bons para os políticos brasileiros […] Agora, se os políticos terceirizavam meus serviços com recursos compatíveis coms seus salários, eles terceirizavam sem o meu consentimento.” 
Glaidson disse ainda que está há quase dois anos em custódia e que não poderia ter como saber o valor atual do patrimônio da GAS.
Quem também pode comparecer à CPI das Criptomoedas é ex-camisa 10 da seleção brasileira Ronaldinho Gaúcho, além do presidente da CBF, por causa de ‘bruxarias e fan token flopado’, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.