Glaidson dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins", e outras cinco pessoas se tornaram réus sob a acusação de tentativa de homícidio contra rivais no mercado de investimentos em criptomoedas na Região dos Lagos, litoral norte do Rio de Janeiro.

Segundo a denúncia do Ministério Público estadual, Glaidson, que está preso desde agosto em decorrência da "Operação Kryptos", também liderava uma organização criminosa cujo objetivo era eliminar concorrentes diretos da GAS Consultoria Bitcoin, empresa de investimentos em criptomoedas acusada de fraudes e crimes contra o sistema financeiro nacional da qual é dono.

Ainda segundo o MP, Glaidson montou uma facção cujas atividades eram "típicas de um grupo de extermínio". Os outros cinco envolvidos agora denunciados são: Thiago de Paula Reis, Rodrigo Moreira, Rafael Gonçalves Gregório, Fabio do Nascimento, e Chingler Lima. Os últimos dois estão presos e Rafael está foragido.

A denúnica do Ministério Público afirma que Glaidson foi o mandante da tentativa de homicídio contra Nilson da Silva, o Nilsinho. Em 20 de março, o rival do "Faraó dos Bitcoins" foi baleado no interior de uma BMW X6 enquanto trafegava na Rua Maestro Braz Guimarães, em Cabo Frio. Os tiros foram disparados de dentro de um carro por homenos encapuzados. A vítima sobreviveu ao atentado, mas ficou tetraplégico e cego.

A denúncia indica que "o crime só não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos agentes". A arma utilizada no crime teria falhado após o primeiro disparo e a vítima recebeu atendimento médico logo em seguida, fatores que evitaram o seu falecimento.

Thiago teria recebido de Glaidson a incumbência de matar Nilsinho sob a promessa de receber uma compensação financeira. Para executar o crime, Thiago teria contratado Rodrigo, Fabio Nathan, Chingles e Rafael. 

De acordo com as investigações, Glaidson encomendou a morte do rival porque em janeiro Nilsinho começou a divulgar que em breve o dono da GAS Consultoria seria alvo de uma operação da Polícia Federal. Com base nessa afirmação, o concorrente do "Faraó dos Bitcoins" tentava convencer os clientes de Glaidson a sacar suas aplicações da GAS Consultoria para investir em criptomoedas através de uma empresa de sua propriedade.

Temendo perder clientes e ver seus rendimentos reduzidos pelo crescimento do rival, Glaidson teria decidido pela morte de Nilsinho, conclui a denúncia com base em trocas de mensagens entre o dono da GAS Consultoria e Thiago.

A denúncia mostra que, poucos dias antes do atentado, Glaidson fez cobranças a Thiago pela demora no cumprimento da "missão". Thiago respondeu prometendo resolver a questão em breve, pois faltava apenas acertar alguns detalhes para "não dar merda".

"Al Capone dos Bitcoins"

Ao final, o Ministério Público afirma que a organização criminosa capitaneada por Glaidson tem semelhanças com grupos mafiósos e sugere que "Al Capone dos Bitcoins" seria uma alcunha mais apropriada para o dono da GAS Consultoria do que "Faraó dos Bitcoins", fazendo referência a maior lenda do crime organizado dos EUA da primeira metade do século 20.

Como previu Nilsinho nas mensagens que selaram o seu trágico destino, a prisão de Glaidson e a interrupção dos serviços da GAS Consultoria realmente vieram a acontecer em agosto deste ano, quando a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a "Operação Kryptos". Na ocasião, foi feita também a maior apreensão de criptomoedas da história do Brasil.

O "Faraó dos Bitcoins" foi indiciado em outubro deste ano quando a Justiça acatou as denúncias que o acusavam de crimes cometidos contra o sistema financeiro nacional baseados em um esquema ilícito de investimentos em criptomoedas.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, após mais de 100 dia na prisão e três pedidos de habeas corpus negados, Glaidson dos Santos escreveu uma carta aberta em tom de desabafo se dirigindo aos clientes da GAS Consultoria, lamentando estar impossibilitado de pagá-los.

Ele também afirma estar sendo vítima de tortura psicológica por estar sendo mantido preso mesmo sem ter cometido crime algum, e reafirmou que a sua missão era oferecer "educação financeira e tecnológica" às pessoas, independentemente da condição social, para que elas aprendessem a andar com as próprias pernas.

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