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Gino MatosGino Matos

Investidores do varejo mostram mais confiança nas exchanges brasileiras de criptomoedas, apontam dados

Executivos da Coinext e do Mercado Bitcoin apontam que problemas enfrentados por exchanges internacionais podem estar ligados ao crescente volume negociado em plataformas nacionais

Investidores do varejo mostram mais confiança nas exchanges brasileiras de criptomoedas, apontam dados
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Entre os cinco primeiros meses de 2022 e 2023, a média mensal do volume de criptomoedas negociado em exchanges nacionais cresceu 39%. No mesmo período, a média mensal movimentada em exchanges internacionais exibiu queda de 78%. Os dados são da Receita Federal. Ao Cointelegraph Brasil, executivos de plataformas nacionais comentam os motivos por trás deste movimento.

Confiança cresce

Investidores do varejo negociaram mensalmente, em média, R$ 215 milhões em criptoativos entre janeiro e maio de 2022. Nos primeiros cinco meses de 2023, no entanto, a média mensal passou a ser de R$ 47 milhões. 

Ao mesmo tempo, a média mensal de volumes negociados em exchanges nacionais cresceu quase R$ 4 bilhões. José Artur Ribeiro, CEO da Coinext, afirma que o aumento de operações por parte dos investidores do varejo foi percebido pela exchange. 

“Percebemos que vários dos nossos clientes que criaram conta no nosso começo, entre 2017 e 2018, voltaram a operar com a gente”, diz Ribeiro. “Aumentaram também em mais de sete vezes os pedidos para ‘super trader’ nos últimos meses. Super trader é um usuário que pode negociar valores personalizados com base na sua capacidade financeira, contábil e econômica. Essas pessoas estão trazendo suas operações e custódia para cá”, completa.

O CEO da Coinext avalia que um dos motivos para o retorno de investidores às exchanges nacionais pode ser a diluição do risco, por parte do varejo, em diferentes plataformas. Após o colapso da FTX e os processos movidos pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) contra Binance e Coinbase, é possível que investidores individuais queiram diversificar a custódia.

“É um fenômeno saudável. As empresas daqui estão formalmente constituídas no país, têm quem responda por elas e pagam devidamente os impostos. Os usuários sentem mais conforto em saber com quem reclamar caso sofra algum dano”, afirma Ribeiro. 

É importante ressaltar que os dados da Receita Federal vão até maio, e os processos movidos pela SEC ocorreram em junho. Desta forma, é possível que o volume de criptomoedas negociado em plataformas nacionais seja ainda maior no próximo relatório.

Fabrício Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, também avalia que o aumento na procura por plataformas nacionais pode estar ligada aos problemas enfrentados por exchanges sediadas fora do país. Ele menciona a quebra da FTX, e a sensação de que alguns outros players internacionais são uma ‘bomba-relógio’.

Regulamentação pode impactar?

O uso de exchanges e outras plataformas nacionais voltadas à negociação de criptoativos tende a aumentar, na visão de José Artur Ribeiro, da Coinext. O motivo é o amadurecimento do ambiente regulatório no Brasil.

“O Brasil será um dos exemplos a nível global, é um país que tem muita maturidade em seu sistema financeiro nacional para fazer uma boa regulamentação, para fazer bons casos de atenção institucional”, diz Ribeiro. As posturas positivas do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em relação ao mercado cripto são mencionados como fatores que podem impulsionar o crescimento de um ambiente favorável aos criptoativos.

Além disso, o retorno do varejo às plataformas nacionais pode fomentar a entrada dos investidores institucionais, acrescenta o CEO da Coinext. Como exemplo, ele cita os fundos de investimento, que possivelmente farão a exposição em criptomoedas através de plataformas nacionais.

“Na medida em que a CVM permite que fundos brasileiros invistam em outros fundos de outras jurisdições, acredito que é mais saudável e mais seguro se a CVM criar um ambiente para que os fundos invistam aqui dentro [do país], em um ambiente onde ela tem uma supervisão mais apropriada, mais próxima”, conclui Ribeiro.

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