Um dos cosultores de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como Faraó dos Bitcoins, preso por um esquema ilegal de Bitcoins, afirmou, segundo o G1, em uma conversa interceptada com autorização da Justiça, que investidores aportavam, por hora, R$ 2 bilhões nas contas das empresas.
A gravação foi feita há cerca de um mês e quem fez as revelações foi Michael de Souza Magno, um dos consultores de Glaidson, considerado foragido da justiça.
Michael revelou a estratégia à uma interlocutora que não foi identificada pela Polícia Federal (PF):
“De dez em dez minutos, entra uma menina na conta do Banco do Brasil e transforma todo o saldo que tem em criptomoedas.”
Em outro trecho, ele diz:
“Hoje, para você ter uma ideia, entra uma média de dois bi a cada hora na conta da empresa”
Segundo a reportagem, o telefonema foi dado dias antes da Operação Kryptos. A ação da PF prendeu Glaidson e um sócio, Tunay Pereira, em 25 de agosto.
Ao todo, o 'Faraó dos Bitcoins' responde a quase 300 processos protocolados na justiça do Rio por clientes lesados pela GAS Consultoria.
Até a noite de quinta-feira (23/09), 289 ações haviam sido encaminhadas ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em que clientes solicitam o ressarcimento pelos prejuízos decorrentes de investimentos realizados através da empresa
No relatório final da Operação Kryptos, Glaidson Acácio dos Santos e mais 21 foram indiciados por crimes contra o sistema financeiro.
Investigações concluíram que a GAS Consultoria era uma organização criminosa que cometeu crimes contra o sistema financeiro e de gestão fraudulenta.
Diante das investigações, o Ministério Público autorizou a venda de R$ 150 milhões em Bitcoins apreendidos durante operação que prendeu Glaidson Acácio dos Santos.
Uma das vítimas do 'Faraó do Bitcoin' disse que era convencida a investir em criptomoedas dentro de igreja evangélica.
- Processo contra procuradores da Lava-Jato no Rio pode esvaziar investigações sobre a GAS Consultoria
Carlos Monteiro foi vítima de esquema com criptomoedas na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, e teve prejuízo de R$ 35 mil depois de investir na empresa do ex-garçom Glaidson Acácio.
Além disso, a GAS Consultoria pode ter lavado dinheiro de traficantes e milicianos, segundo a Polícia Federal.
Dois moradores da Favela do Lixo, em Cabo Frio, fizeram depósitos em dinheiro que somam R$ 1,7 milhão na conta da GAS Consultoria.
A GAS Consultoria, empresa de Cabo Frio (RJ), alvo de investigação por pirâmide com Bitcoin, rebateu as acusações.
Em nota, a ABCripto, Associação Brasileira de Criptoeconomia, se manifestou sobre o assunto:
"A Abcripto vem a público reforçar o alerta sobre o risco que exchanges de criptomoedas que não seguem as leis brasileiras representam para o país.
Novas informações públicas sobre o caso do “Faraó do Bitcoin”, esquema de pirâmide operado pelo ex-garçom Glaidson Acácio do Santos, mostram que as movimentações financeiras operadas pelo esquema foram feitas por meio de exchanges que não seguem as práticas de prevenção à lavagem de dinheiro e crimes financeiros e, mais do que isso, não respeitam a Instrução Normativa 1888/19 da Receita Federal Brasileira.
Vale reforçar que todas as empresas que atuam em território nacional são obrigadas a comunicarem as transações realizadas para RFB, medida importante justamente ajudar a combater o mau uso dos criptoativos. As associadas da Abcripto também seguem nosso Código de Autorregulação, que traz as melhores práticas de compliance do mercado.
Por isso, reiteramos a necessidade de uma fiscalização mais efetiva, que impeça a operação de empresas que encobrem crimes ou não respeitam a legislação vigente. Só assim teremos uma criptoeconomia mais segura para todos."
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