O Conselho Nacional do Ministério Público (CMNP) deve decirdir até terça-feira se acata um pedido de abertura de processo administrativo disciplinar contra 11 procuradores da República da equipe da força-tarefa da Lava-Jato no Rio de Janeiro, informou reportagem do jornal Extra na segunda-feira.
Os procuradores são acusados de quebra de sigilo no âmbito da investigação sobre a participação dos ex-senadores Romero Jucá e Edison Lobão em um suposto esquema de recebimento de propina relacionado às obras de construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio. Rinaldo Lima Reis, corregedor nacional do CNMP, acolheu a solicitação dos dois ex-senadores e em seu relatório sobre o caso pediu a demissão dos 11 procuradores.
Caso o conselho dê sinal verde para o avanço do processo, os procuradores poderão ser afastados de suas funções, impactando diretamente a "Operação Kryptos", que desvendou um esquema de pirâmide financeira montado sob a fachada de investimentos em Bitcoin por Glaidson Acácio dos Santos, através de uma empresa de sua propriedade, a GAS Consultoria Bitcoin.
O processo administrativo disciplinar pode interferir no curso das investigações em que Glaidon é acuasado de crime de gestão fraudulenta de instituição financeira clandestina, emissão ilegal de valores mobiliários sem registro prévio, organização criminosa e lavagem de dinheiro, uma vez que seis procuradores arrolados no processo fazem parte do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPF-RJ).
Os ex-senadores foram acusados pelos 11 procuradores de receber dinheiro ilícito. Teriam sido R$ 9,2 milhões no caso de Jucá e R$ 1,3 milhão no caso de Lobão. A defesa de Jucá e Lobão questiona a denúncia apresentada em março deste anoporque ela teria se baseado em informações sigilosas levantadas durante o curso das investigações.
Em declaração à reportagem do Extra, um dos advogados dos procuradores, Daniel Sarmento contesta a suposta quebra de sigilo:
"Viola a Constituição a pretensão de punir com a demissão 11 procuradores pela simples divulgação de um release, referente a denúncia que trata de tema de claro interesse público: possível corrupção de senadores em obra pública. Os erros cometidos pela Lava Jato de Curitiba nada tem a ver com este caso.
Os advogados dos procuradores da República pretendem sustentar o argumento de que, além do prejuízo às investigações em curso, a abertura do processo administrativo disciplinar ameaça a transparência e a livre circulação de informação.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, a "Operação Kryptos" resultou na maior apreensão de criptoativos da história do Brasil e na prisão de Glaidson Acácio dos Santos e de um de seus comparsas, Tunay Pereira Lima, que cordenava aa equipe de promotores de vendas da GAS Consultoria.
Apontada pelas investigações como gestora financeira da GAS Bitcoin, a mulher de Glaidson, Mirelis Zerpa, está foragida, assim como Vicente Gadelha Rocha Neto, outro elemento central da organização criminosa. que teria R$ 20 milhões em criptomoedas sob sua posse. Mirelis Zerpa teria entrado nos Estados Unidos com um visto de estudante. Ela está na lista de procurados da Interpol.
Além de capturar os foragidos e recolher evidências conclusivas para levá-los a julgamento, a "Operação Kryptos" tem como objetivo rastrear e repatriar uma quantia estimada em R$ 1,2 bilhão em criptoativos que Glaidson teria depositado em contas pessoais na maior "exchange do mundo".
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