Há dias em destaque no noiticiário policial, o caso da GAS Consultoria Bitcoin chama atenção para um tipo de crime que está em alta no Brasil. Suspeitas de fraudes financeiras nas denúnicas encaminhadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) cresceram 75% em 2020, em comparação com o ano anterior, de acordo com uma pesquisa divulgada recentemente pelo órgão regulador.
Com uma valorização anual de 303%, o desempenho do Bitcoin (BTC) ao longo de 2020 tornou-o objeto de promessas de dinheiro fácil em um horizonte de curto prazo. O BTC foi o produto de investimento mais utilizado em tentativas de golpe denunciadas à CVM - tendo sido mencionado por 43,3% dos pesquisados.
Aliado ao expressivo rendimento a maior criptomoeda do mercado, a pesquisa revelou que as vítimas de fraudes também foram seduzidas pela "proposta inovadora, disruptiva e revolucionária do criptoativo".
Forex, com 29,8%, operações binárias, com 16,9%, e o mercado de ações, com 15,2% vieram logo em seguida.
Escassez, rentabilidade, segurança e não rastreabilidade foram as qualidades destacadas pelos entrevistados para terem sido atraídos pelo Bitcoin. Um entrevistado não identificado justificou seu interesse no BTC pela "questão de participar de um movimento novo, que tem a ver com tecnologia mais do que com um investimento."
Além da sedução do Bitcoin em si, eles disseram ter caído no golpe porque os esquemas ofereciam uma solução prática, que dispensava a necessidade de dedicar tempo ao estudo e ao acompanhamento do volátil mercado de criptomoedas.
O perfil das vítimas dos golpes mostra que eles eram em sua maioria homens (91%), de uma faixa etária entre 30 e 39 anos (36,5), com renda familiar que vai de dois a cinco salários mínimos, possuíam ensino superior completo ou pós-graduado (71%) e pouca experiência no mercado financeiro.
Os valores perdidos em investimentos fraudulentos ficaram majoritariamente entre R$ 1.000 e R$ 10.000 (32,5%) e entre R$ 10.000 e R$ 50.000 (22,5%).
O principal meio de divulgação usado para atrair os investidores foi o WhatsApp (27,5%) e o boca-a-boca (19,7%). Na maioria dos casos, 29,8%, o golpista era uma pessoa totalmente estranha às vítimas.
Embora o universo da pesquisa seja restrito, uma vez que o questionário foi enviado apenas aos investidores que entraram em contato com a CVM através dos canais de atendimento do órgão para relatar suspeitas de golpes financeiros, o perfil dominante das vítimas de fraude permite que se trace um paralelo entre o aumento dos indícios de crimes financeiros e a frágil situação econômica do país.
Ao longo de um ano em que a eclosão da pandemia do coronavírus fragilizou grande parte da população brasileira, com crise sanitária, inflação fora de controle, desemprego em alta e um baixo crescimento econômico, chefes de família das classes B e C revelaram-se os mais vulneráveis às promessas milagrosas de diversas modalidades de golpes financeiros.
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