Resumo da notícia:

  • Ações do Méliuz (CASH3) recuam ao patamar de março e zeram toda a valorização obtida desde a adção da “Estratégia Bitcoin” em março.

  • CASH3 chegou a valorizar 181% após adoção da “Estratégia Bitcoin", mas preço não resistiu à queda de 35% do Bitcoin.

  • Apesar da queda da CASH3 na B3, a emprea apresentou fundamentos sólidos no 3º trimestre, com lucro líquido de R$ 15,3 milhões e receita recorde.

As ações do Méliuz (CASH3) fecharam o pregão na sexta-feira, 21 de novembro, em queda de 4,4%, cotadas a R$ 3,67, de acordo com dados do Google Finance. Com esse resultado, a CASH3 eliminou todos os ganhos acumulados desde que o Méliuz anunciou a primeira compra de Bitcoin, em março. Naquela ocasião, as ações do Méliuz fecharam o pregão cotadas a R$ 3,78, impulsionadas pela notícia da adição de Bitcoin (BTC) ao caixa da empresa.

Nos meses seguintes, a CASH3 chegou a triplicar de valor, atingindo a máxima de R$ 10,55 em maio, antes de iniciar um movimento de correção alinhado à volatilidade do mercado de criptoativos.

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Desempenho das ações do Méliuz (CASH3) em 2025. Fonte: Google Finance

A correlação entre o desempenho das ações da primeira ‘Bitcoin Treasury Company’ brasileira e o mercado de criptomoedas intensificou-se após a implementação da nova política de tesouraria. Em 6 de março de 2025, a Méliuz realizou sua primeira aquisição da criptomoeda, investindo US$ 4,1 milhões do caixa da empresa na compra de 45,72 BTC, com um preço médio de US$ 90.200.

A estratégia, inédita para uma empresa brasileira listada em bolsa, previa a alocação de até 10% do caixa da companhia no ativo digital, posicionando a empresa como um veículo de exposição indireta ao Bitcoin no mercado acionário local.

O recuo do preço das ações para os patamares de março reflete a reação do mercado a uma queda abrupta de aproximadamente 35% no preço do Bitcoin nas últimas semanas.

O desempenho das ações do Méliuz reflete tanto o lado positivo quanto negativo da estratégia corporativa de adoção de criptoativos. Enquanto a valorização do BTC até outubro agiu como um catalisador para o preço da CASH3, levando a uma alta acumulada de cerca de 181% até as máximas locais, a correção do Bitcoin a partir de outubro trouxe as ações de volta aos níveis de entrada.

O retorno da volatilidade ao mercado de criptomoedas teve um efeito negativo sobre as ações das empresas de tesouraria de ativos digitais e o Méliuz não ficou imune, apesar dos fundamentos operacionais da empresa.

Assim como ocorreu com as ações da Strategy, líder do setor, e da MetaPlanet – um dos principais destaques do setor durante a fase de alta do Bitcoin –,  a correlação com o criptoativo tende a amplificar tanto os ganhos quanto as perdas no desempenho de curto prazo.

Méliuz apresenta resultados operacionais positivos

Os resultados do Méliuz em 2025 mostram uma trajetória de recuperação após um 2024 de desempenho inferior. No terceiro trimestre de 2025, a empresa reportou um lucro líquido de R$ 15,3 milhões, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior, e uma receita líquida recorde de R$ 123,7 milhões. A base de usuários de seus serviços de cashback também expandiu, atingindo 45 milhões de contas.

Além disso, a capitalização de mercado da empresa em relação ao seu tesouro em BTC se mantém em território positivo, mesmo diante da correção recente. Dados da plataforma de monitoramento de mercado Bitcoin Treasuries apontam que o Méliuz mantém um mNAV (Market Cap to Net Asset Value) de 1,217.

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Dados sobre o Méliuz e seu tesouro em Bitcoin. Fonte: Bitcoin Treasuries

Na prática, o mNAV revela como o mercado precifica a operação da empresa em relação ao seu caixa em Bitcoin. Com uma capitalização de mercado avaliada em US$ 62 milhões (cerca de R$ 335 milhões) e um tesouro de Bitcoin avaliado em US$ 50,98 milhões, o múltiplo de 1,217 sugere que a companhia é negociada com um prêmio de aproximadamente 21% sobre o valor de suas reservas.

Atualmente, o Méliuz mantém 604,7 BTC em caixa, equivalentes a aproximadamente US$ 51 milhões. Com um preço médio de aquisição de US$ 103.313 por Bitcoin, a tesouraria da companhia registra um prejuízo não realizado de 18,2%, segundo a Bitcoin Treasuries.

O retorno das ações da Méliuz ao patamar de março serve de alerta sobre os riscos da estratégia de adoção de criptoativos em tesourarias corporativas. Embora a estratégia tenha colocado a empresa em evidência e gerado lucros contábeis expressivos, o retorno para os acionistas provou-se dependente do preço do Bitcoin.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, Diego Kolling, head da Estratégia Bitcoin do Méliuz, reforça que o foco da companhia permanece na maximização da quantidade de bitcoins por ação, tratando a volatilidade do preço como um ruído secundário frente à valorização assimétrica do ativo no longo prazo.

O executivo defende que o modelo blinda o patrimônio da empresa e, por consequência, dos acionistas, contra a expansão monetária global, independentemente das oscilações sazonais do preço do Bitcoin.