​A Méliuz, empresa brasileira de cashback, anunciou nesta quinta, 06, a alocação de 10% de seu caixa em Bitcoin, totalizando um investimento de US$ 4,1 milhões. Essa iniciativa busca replicar o sucesso de empresas como a MicroStrategy nos Estados Unidos, que obteve resultados expressivos com estratégias semelhantes.​

A compra envolveu 45,72 bitcoins, adquiridos a um preço médio de US$ 90.296 por unidade. Com essa ação, a Méliuz se destaca como a primeira empresa brasileira listada em bolsa a realizar um investimento significativo em Bitcoin.

Logo após o anúncio, as ações da empresa subiram mais de 17%, segundo dados da B3.

Para gerenciar essa nova estratégia, a companhia estabeleceu um comitê estratégico de Bitcoin, responsável por avaliar a viabilidade de ampliar essa alocação e definir diretrizes específicas para o tema. Espera-se que um estudo preliminar seja divulgado ao mercado nos próximos 45 a 60 dias.​

Segundo o Brazil Journal, Israel Salmen, presidente do conselho e maior acionista da Méliuz, justificou a decisão ao afirmar que o Bitcoin representa uma "alternativa mais inteligente para a aplicação do nosso caixa".

Salmen enxerga a criptomoeda como uma reserva de valor de longo prazo, destacando que a empresa não pretende vender os bitcoins adquiridos, mas sim construir valor ao longo do tempo. Ele reconheceu os riscos associados à ampliação dessa estratégia, mas ressaltou que a Méliuz sempre esteve disposta a assumir riscos desde sua fundação em 2011.​

Antes da compra em Bitcoin, a empresa já atuava no mercado de criptomoedas, usando a infraestrutura de tech da Liqi para fazer suas operações de cripto.

MicroStrategy inspira empresa brasileira

A inspiração para essa iniciativa veio da MicroStrategy, empresa americana de software que, desde 2020, investe parte significativa de seu caixa em Bitcoin. Sob a liderança de Michael Saylor, a MicroStrategy viu seu valor de mercado saltar de US$ 500 milhões em 2020 para US$ 77 bilhões atualmente, acumulando cerca de 499 mil bitcoins em seu caixa, avaliados em US$ 45 bilhões. Outro exemplo notável é o da Tesla, que possui 11,5 mil bitcoins, equivalentes a pouco mais de US$ 1 bilhão.​

A decisão da Méliuz ocorre em um momento em que suas ações perderam destaque na bolsa brasileira. Em meados de 2021, a empresa atingiu um pico de valorização, com ações movimentando, em média, R$ 250 milhões por dia e um valor de mercado próximo a R$ 6 bilhões.

Atualmente, a companhia vale cerca de R$ 270 milhões, com uma liquidez diária média de R$ 4 milhões no mercado à vista. Essa redução na liquidez resultou na perda de atenção dos investidores e na diminuição da cobertura por analistas.​

Em carta aos acionistas, Salmen expressou preocupação com a situação atual das ações da Méliuz, mas demonstrou confiança de que a nova estratégia de investimento em Bitcoin poderá revitalizar o interesse do mercado e posicionar a empresa de forma inovadora no cenário financeiro brasileiro.​

Nos últimos anos, diversas empresas brasileiras têm demonstrado interesse crescente no mercado de criptomoedas, seja adquirindo Bitcoin como parte de suas estratégias financeiras, seja oferecendo serviços relacionados a ativos digitais.

O Mercado Livre, um dos maiores marketplaces da América Latina, anunciou em 2021 a compra de US$ 7,8 milhões em Bitcoin como parte de sua estratégia de tesouraria. Além disso, a empresa passou a aceitar criptomoedas como forma de pagamento para imóveis no Brasil, ampliando as opções para seus clientes.

Dados da Receita Federal do Brasil (RFB) apontam que mias de 25 mil empresas no Brasil já negociam Bitcoin e criptomoedas. Outra instituição financeira que se destacou nesse cenário é o Banco do Brasil. Em dezembro de 2024, o banco figurou entre os principais investidores institucionais do fundo negociado em bolsa (ETF) de Bitcoin lançado pela BlackRock, com um aporte de US$ 1,59 milhão. Essa iniciativa demonstra a crescente aceitação e interesse de instituições financeiras tradicionais no mercado de criptomoedas.

O Banco BTG Pactual é outra instituição brasileira que tem apostado fortemente no setor cripto. Além de lançar a plataforma Mynt, permitindo que seus clientes negociem ativos digitais de maneira integrada aos serviços do banco, o BTG também se diferencia por ser uma das poucas instituições bancárias do mundo com operação própria de mineração de Bitcoin.