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Walter BarrosWalter Barros

Governo enquadra o X sobre coleta de dados no Brasil para treinamento de IA

ANPD quer saber os impactos da mudança do uso de dados anunciada pela plataforma de mídia social do bilionário Elon Musk.

Governo enquadra o X sobre coleta de dados no Brasil para treinamento de IA
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A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) anunciou na última terça-feira (22) que vai convocar os representantes da rede X para esclarecimentos relacionados aos impactos da coleta de dados no Brasil para treinamento de inteligência artificial (IA).

De acordo com a ANPD, o alerta foi gerado porque o conteúdo publicado pelos usuários na rede social do bilionário Elon Musk será usado para treinamento da inteligência artificial generativa Grok, criada pela própria plataforma. 

A atuação da ANPD foi uma reação a um anúncio feito pelo X este mês de atualização de política de privacidade a partir de 15 de novembro. Alteração dos termos de uso que prevê a cessão de dados e publicações de usuários para que possa treinamento de IA.

"Caso seja percebido risco de grave dano à proteção de dados ou à privacidade dos titulares, outras medidas poderão ser tomadas", informou a ANPD, em nota à Agência Brasil

Segundo fiscalização da ANPD, desde julho deste ano, há uma investigação para avaliar a conformidade à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para treinamento da IA Generativa da X Corp. 

"A investigação, considerando as competências da ANPD, tem como foco as alterações anunciadas para a política de privacidade. Até o presente momento, a empresa tem respondido às requisições de informações da fiscalização", explicou a ANPD em nota. 

Na página direcionada ao Grok-2, o X explica que o chatbot é modelo de linguagem de fronteira com capacidades de raciocínio de "última geração" em que tutores de IA interagem em uma variedade de tarefas que refletem interações do mundo real com a tecnologia e que o “Grok-2 mostrou melhorias significativas no raciocínio com conteúdo recuperado e em suas capacidades de uso de ferramentas, como identificar corretamente informações ausentes, raciocinar por meio de sequências de eventos e descartar postagens irrelevantes." 

A alteração sutil na política de  privacidade do X (antigo Twitter) exige a concordância obrigatória dos usuários com a coleta e o uso de dados para treinamento de modelos de aprendizado de máquina e IA, podendo resultar em uma nova suspensão da plataforma de rede social no país, segundo avaliação de Ronaldo Lemos, especialista em direito digital e fundador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, em uma postagem publicada no próprio X.

Este mês, após um acordo com a ANPD, a Meta.ai desembarcou no país através do Facebook, Instagram e WhatsApp, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.