O uso e a posse de criptomoedas atingiram máximas históricas em 2024 e a adoção da Web3 encontra-se atualmente em patamares semelhantes aos da internet no final dos anos 1990, revela o relatório "State of Crypto 2024."
"Em setembro [de 2024], 220 milhões de endereços interagiram com uma blockchain pelo menos uma vez, um número que mais do que triplicou desde o final de 2023", afirma o balanço anual da indústria publicado pelo fundo de capital de risco a16z.
Comparação da curva de adoção da internet e das criptomoedas. Fonte: State of Crypto 2024 (a16z)
A a16z demonstra otimismo em relação ao crescimento das criptomoedas, mas, ao mesmo tempo, revela que a maioria dos usuários não tem o hábito e o conhecimento necessários para realizar operações on-chain.
O relatório estima que do total de 617 milhões de investidores de criptomoedas, apenas 5% a 10% são usuários ativos on-chain. Ou seja, algo entre 30 e 60 milhões.
Embora essa deficiência não tenha se configurado como uma barreira para o investimento em criptomoedas, ela revela que uma adoção mais ampla passa necessariamente pela evolução e o aprimoramento da experiência do usuário.
A atividade incipiente não é necessariamente entendida pela a16z como um dado negativo para o crescimento da indústria:
"Estimamos que apenas 5% a 10% dos proprietários de criptomoedas são usuários ativos – há uma grande oportunidade para re-engajar investidores passivos em atividades on-chain."
Solana impulsiona o crescimento
O crescimento das atividades em 2024 foi impulsionado principalmente pelo crescimento da Solana (SOL), que registra aproximadamente 100 milhões de endereços ativos, seguida de longe pela Near (NEAR) e pela solução de camada 2 da Ethereum (ETH), Base, com 31 milhões e 22 milhões, respectivamente.
A expansão do ecossistema da Solana é reiterada pelo interesse dos desenvolvedores do espaço de criptomoedas e Web3, revela o relatório. Segundo a a16z, o total de fundadores que afirmaram estar construindo ou interessados em construir na Solana duplicou em um ano, crescendo de 5,1% em 2023 para 11,2% agora.
O interesse dos desenvolvedores pela Base é similar, embora o crescimento na relação ano a ano tenha sido menor: 7,8% no ano passado e 10,7% agora.
No entanto, nesse quesito, a Ethereum manteve a liderança, com 20,8% de construtores engajados em expandir o ecossistema da rede dominante de contratos inteligentes.
O Bitcoin (BTC) também merece uma menção no relatório, visto que a evolução das finanças descentralizadas (DeFi) na rede da criptomoeda pioneira atraiu 4,2% dos construtores para desenvolver soluções em seu ecossistema, em comparação com 2,6% no ano passado.
Stablecoins são o "killer app" das criptomoedas
O relatório destaca também que a adoção de carteiras de criptomoedas em dispositivos móveis e seu uso no dia a dia contribuiu para a expansão da base de usuários em países que enfrentam graves problemas econômicos. Em especial, a Nigéria e a Argentina.
Em ambos os países, a adoção foi impulsionada pelas stablecoins, afirma o relatório. No caso da Nigéria, a população do país usa cada vez mais criptoativos para pagamentos cotidianos, enquanto na Argentina, as stablecoins são utilizadas para dolarização do patrimônio e proteção contra a desvalorização do peso argentino.
O relatório da a16z aponta que as stablecoins são o mais óbvio "killer app" (aplicativo matador) da indústria de criptomoedas, por viabilizarem pagamentos rápidos, baratos e transfronteiriços, facilitando transferências de valor em escala global:
"[As stablecoins] totalizaram US$ 8,5 trilhões em volume de transações, com 1,1 bilhão de transações no segundo trimestre de 2024. Os volumes de transações de stablecoins somaram mais do que o dobro dos US$ 3,9 trilhões transacionados pela Visa no mesmo período."
A a16z destaca o custo decrescente das transações de stablecoins em decorrência dos avanços das soluções de escalabilidade. "Atualmente, as redes blockchains processam 50 vezes mais transações por segundo do que eram capazes há quatro anos", afirma o relatório.
Em 2021, a transferência de valores em USD Coin (USDC) tinha um custo médio de US$ 12, ao passo que, em setembro deste ano, o custo foi reduzido para US$ 1 na rede principal da Ethereum. Ao utilizar soluções de camada 2, as taxas caem para centavos de dólar, aponta o relatório.
Em igualdade com as transações de stablecoins, o setor de DeFi é responsável por 34% da atividade diária on-chain, revela o relatório:
"Embora ainda esteja em seus estágios iniciais, DeFi apresenta uma alternativa promissora à tendência de centralização e consolidação de poder que afeta o sistema financeiro dos EUA, onde o número de bancos caiu em dois terços desde 1990 e onde uma parcela cada vez menor de grandes bancos tem uma participação maior de ativos sob gestão."
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