A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado Federal pode votar nesta terça-feira (19) a convocação de artistas e influencers envolvidos na promoção de bets. Entre eles, a advogada e influencer Deolane Bezerra, os cantores Wesley Safadão e Jojo Todynho e o humorista Tirulipa.
Até o fechamento desta edição, dos 168 requerimentos na pauta, 79 eram pedidos de convocação, que também podem chegar a empresários investigados por lavagem de dinheiro, de acordo com informações da Agência Senado.
"Sua participação é essencial para entender como figuras influentes ajudam a expandir o mercado de apostas e se elas estão cientes dos possíveis danos econômicos e sociais que essa atividade pode causar”, declarou a relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), autora das convocações de Wesley Safadão, Jojo Todynho e Tirulipa.
A convocação de Deolane Bezerra foi apresentada pelo senador Izalci Lucas (PL-DF), que sugeriu o depoimento da advogada e influencer na condição de testeminha. Deolane foi presa em setembro pela Operação Integration, da Polícia Civil de Pernambuco, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo jogos ilegais.
"Deolane pode esclarecer como influenciadores têm sido utilizados por plataformas de apostas para atrair consumidores. Pode também fornecer detalhes sobre a rede de influenciadores que promoveu plataformas sob investigação", justificou Izalci.
A mãe de Deolane, Solange Alves Bezerra, e a advogada da influencer, Adélia Soares, também podem ser convocadas a depor. Solange foi presa junto com a filha durante a Operação Integration, mas ambas foram liberadas por determinação da Justiça.
Izalci também sugeriu que dez pessoas comparecessem à CPI na condição de investigadas, são elas: Marcela Campos, sócia da Esportes Gaming; José da Rocha Neto, representante da BPX Bets; Aislla Rocha, sócia-administradora da BPX Bets; Edson Lenzi Filho, diretor da Pay Brokers Cobrança; Darwin Henrique da Silva, dono da empresa Caminho da Sorte; Boris Padilha, ligado à HSF Entretenimento; Thiago Rocha, sócio da Zelu Brasil Pagamentos; Rayssa Rocha, sócia da Zelu Brasil Pagamentos; Italo de Moura, sócio da ST Soft Desenvolvimento de Programas; Djalma Junior dos Santos, sócio da ST Soft Desenvolvimento de Programas.
Outro lote de requerimentos sugere o depoimento de autoridades públicas. Dois deles pedem a convocação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do advogado-geral da União, Jorge Messias.
Os parlamentares podem votar ainda um convite ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e a convocação do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues. Também constam na lista de possíveis convocados os presidentes do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Liáo, e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro Macedo.
A CPI das Bets pode votar também 57 pedidos de informação. Entre eles estão solicitações ao Coaf de 37 relatórios de inteligência financeira (RIFs). Os documentos podem identificar operações com indícios de crimes. Entre os alvos, há pessoas físicas e empresas ligadas a apostas online e plataformas de pagamento.
A CPI das Bets foi instalada em 12 de novembro para investigar a influência das apostas online no orçamento das famílias brasileiras e a possível associação com organizações criminosas. Os trabalhos do colegiado vão até abril do próximo ano. O presidente é o senador Dr. Hiran (PP-RR).
Na Câmara, o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) protocolou na última semana um projeto de lei que prevê a inclusão de nomes de jogadores compulsivos em um banco de dados formado por pessoas impedidas de acessarem as bets, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.