O juiz Arthur Eduardo Magalhães Ferreira, da 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, decretou a falência da GAS Consultoria, empresa de propriedade de Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins", utilizada para operar um esquema de pirâmide financeira e investimentos em criptomoedas.
À frente da GAS Consultoria Bitcoin, Glaidson e sua mulher, a venezuelana Mirelis Zerpa, movimentaram cerca de R$ 38 bilhões em seis anos, atraindo clientes de diversas regiões do Brasil sob a promessa de rendimentos de 10% ao mês mediante investimentos em criptomoedas, mas a empresa sequer possuía registro junto aos órgãos regulatórios para operar no mercado financeiro.
Segundo o último levantamento da administração judicial, a GAS Consultoria tem dívidas pendentes de mais de R$ 3,8 bilhões referentes a investimentos realizados por 62.604 clientes que apresentaram documentos comprobatórios à Justiça.
Credores que investiram mais de R$ 200.000 correspondem a 5% do total de investidores e representam 39% do montante devido, enquanto 74% investiram até R$ 50 mil, compondo 26% do total da dívida.
Em 16 de fevereiro de 2023, a 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro havia determinado a antecipação dos efeitos de falência da GAS Consultoria. Anteriormente, em maio de 2022, a empresa havia dado entrada a um pedido de recuperação judicial.
A pirâmide do “Faraó dos Bitcoins”
O esquema de pirâmide financeira baseado em investimentos em criptomoedas montado pelo “Faraó dos Bitcoins” sob a fachada da GAS Consultoria Bitcoin foi desvendado e desarticulado pela Operação Kryptos, deflagrada em agosto de 2021 em uma parceria da Polícia Federal com o Ministério Público Federal (MPF).
Glaidson foi preso em 25 de agosto daquele ano em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Na ocasião, foram encontrados aproximadamente R$ 150 milhões em uma carteira de criptomoedas, configurando a maior apreensão de ativos digitais da história do Brasil. O relatório final da operação registra que, na ocasião, um dos alvos da Polícia Federal carregava no bolso "uma espécie de pen drive cheio de criptomoedas."
Em outubro daquele ano, Glaidson, Mirelis e outros 15 acusados de envolvimento com o esquema tornaram-se réus, sob a acusação de crimes de gestão de organização financeira sem autorização, gestão fraudulenta e organização criminosa.
Atualmente, Glaidson está preso no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Mirelis foi detida nos Estados Unidos em janeiro de 2024, após se manter foragida por mais de dois anos, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião.