O Méliuz formalizou a alteração de seu objeto social para permitir a realização de investimentos em Bitcoin (BTC) como parte de sua estratégia de negócios. A mudança foi aprovada em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada na quinta-feira, 15 de maio, tornando o Méliuz oficialmente a primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil.
Segundo o comunicado oficial divulgado pelo Méliuz, a nova missão da empresa é acumular Bitcoin em benefício dos acionistas por meio de seu caixa e de estruturas corporativas e de mercado de capitais, ampliando sua exposição ao ativo ao longo do tempo.
“Mais do que apenas alocar parte do caixa em Bitcoin como proteção contra a inflação ou desvalorização cambial, a Companhia reposiciona seu propósito para atuar maximizando a quantidade de Bitcoin por ação", diz o comunicado.
O primeiro ato sob o novo modelo de negócios foi um investimento de US$ 28,4 milhões na compra de 274,52 BTC, a um preço médio de US$ 103.604,07.
Somados ao aporte inicial de 45,72 BTC realizado em março deste ano, o caixa do Méliuz em Bitcoin soma 320,25 BTC. O preço médio do investimento é de US$ 101.703 por Bitcoin, informou a empresa. Com o novo aporte, o Méluz atingiu a 44ª posição no ranking de empresas públicas que mantém Bitcoin em caixa, de acordo com dados do Bitcoin Treasuries.
Primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil
Embora tenha sido formalizada ontem, a “Estratégia Bitcoin” do Méliuz estava encaminhada desde 5 de maio, quando 59,26% dos acionistas votaram a favor da alteração do objeto social.
O quórum de 66% do capital total necessário para instalar a AGE e confirmar a adoção de uma política empresarial voltada para a aquisição de mais Bitcoin não foi alcançado na primeira convocatória.
Com a aprovação praticamente garantida, dada a quase unanimidade dos votos a favor da proposta, uma nova AGE foi convocada para 15 de maio, sem necessidade de quórum mínimo para aprovação.
“Estratégia Bitcoin” tem impacto positivo sobre preço da CASH3
A “Estratégia Bitcoin” do Méliuz é uma iniciativa que visa fortalecer a posição financeira da empresa, replicando no Brasil o modelo de sucesso adotado por Michael Saylor com a MicroStrategy nos EUA, conforme declarou Israel Salmen, presidente do conselho de administração e fundador da empresa.
Fundado em 2011, o Méliuz é uma empresa brasileira de tecnologia financeira que opera como plataforma de cashback, contando com mais de 30 milhões de usuários cadastrados e parcerias com mais de 1.000 estabelecimentos comerciais.
O Méliuz estreou no mercado acionário em novembro de 2020. Listada na B3 sob o ticker CASH3, a empresa viu suas ações atingirem uma máxima histórica de R$ 54,15 em julho de 2021, mas desde então o papel perdeu mais de 80% de seu valor de mercado.
Segundo uma análise publicada no X por Victor Alfa, Head de Conteúdo do DeFiverso e Diretor de Research da WeSearch, a queda no preço das ações do Méliuz “reflete uma combinação de desempenho financeiro fraco, com prejuízos anuais e quedas drásticas em caixa, ativos e fluxo de caixa livre, além de perda de confiança do mercado devido à subperformance relativa e expectativas não atendidas pós-IPO.”
Em um primeiro momento, a mudança no modelo de negócios vem se mostrando bem-sucedida. O preço das ações do Méliuz (CASH3) disparou desde que a empresa anunciou a “Estratégia Bitcoin” e a convocação da AGE. No início do pregão nesta sexta-feira, 16 de maio, a CASH3 era negociada a R$ 9,99, acumulando ganhos de 270% em 2025, de acordo com dados do Google Finance.
Preço da CASH3 desde o início de 2025. Fonte: Google Finance
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, antes mesmo da adoção de sua "Estratégia Bitcoin", o Méliuz tem um histórico de envolvimento com o mercado de criptomoedas.