A empresa brasileira Méliuz viu o preço de suas ações disparar mais de 175% nos últimos 30 dias após a companhia intensificar sua estratégia de compra de Bitcoin como ativo de reserva.
Além disso, recentemente o CEO da empresa, Israel Salmen, teve uma reunião com Michael Saylor, fundador da Strategy e se juntou a ‘Bitcoin For Corporations’, promovida por Saylor e que busca incentivar outras empresas a aderir o plano de reserva de Bitcoin.
No entanto, a história da Méliuz com o mercado de criptomoedas antecede seu anúncio da compra de Bitcoin. Desde 2021, a empresa vem integrando ativos digitais ao seu ecossistema. O primeiro passo significativo ocorreu em julho de 2021, quando a Méliuz adquiriu o AlterBank, um banco digital especializado em criptomoedas como Bitcoin e Ethereum.
Essa aquisição permitiu à Méliuz oferecer serviços como contas digitais com suporte a criptoativos e o "criptoback" — cashback em Bitcoin — por meio de um cartão de crédito sem anuidade. No mesmo ano, a empresa anunciou a compra da Acesso Bank (que depois se tornou Bankly), fintech que na época fazia a intermediação das operações financeiras da exchange Binance no Brasil.
Já em janeiro de 2022, a empresa lançou sua conta digital própria, integrando funcionalidades como Pix e a possibilidade de compra e venda de Bitcoins diretamente pelo aplicativo . Essa movimentação ampliou o acesso dos usuários ao mercado de criptomoedas.
Desde então a empresa só ampliou sua atuação no mercado cripto e em maio de 2022 fechou uma parceria com a Liqi, que também envolveu um investimento da startup fundada por Daniel Coquieri, colocando a Méliuz como acionista minoritária da Liqi.
Cashback em Bitcoin e reserva estratégica de BTC
De olho na expansão do mercado cripto e de sua atuação no setor, a Méliuz, anunciou no final de 2022 um sistema de cashback com Bitcoin em parceria com exchanges locais como a BitPreço e a Liqi.
"A Méliuz é um dos principais programa de cashback do mercado e hoje toda a compra que nossos usuários fazem usando nosso link eles ganham cashback entre 1 e 2% no cartão. Comprando em ecommerces e lojas parceiras, os cashbacks podem variar até 30%. É possível ganhar cashback até por escanear notas fiscais de supermercado. Você acumula este cashback até atingir R$ 20 e então pode trocar por Bitcoin, sem pagar nenhuma taxa", afirmou na época Claret Sabioni, Head de Cripto no Méliuz.
Após essa jornada no mercado cripto, em março de 2025, a Méliuz anunciou a compra de 45,72 Bitcoins, totalizando um investimento de aproximadamente US$ 4,1 milhões, equivalente a cerca de R$ 23 milhões na época. Esse movimento representou 10% do caixa da empresa, tornando-a a primeira companhia listada na B3 a adotar o Bitcoin como ativo estratégico de tesouraria .
Para formalizar essa nova estratégia, a Méliuz convocou uma Assembleia Geral Extraordinária em abril de 2025, propondo a alteração do objeto social da empresa para incluir investimentos em Bitcoin como parte de sua estratégia de negócios. A proposta foi aprovada pelos acionistas, permitindo à empresa ampliar sua exposição ao mercado de criptoativos.
O fundador da Méliuz, Israel Salmen, destacou que a iniciativa visa não apenas diversificar os investimentos da empresa, mas também incentivar a adoção institucional do Bitcoin no Brasil. Ele acredita que essa estratégia pode servir de exemplo para outras empresas brasileiras considerarem o Bitcoin como reserva de valor.
De Belo Horizonte para ser a primeira startup a realizar um IPO
A história do Méliuz começou em Belo Horizonte, Minas Gerais, quando os fundadores decidiram criar uma solução mais vantajosa para os consumidores nos programas de fidelidade. Em 2012, a empresa participou do programa de aceleração Startup Chile, recebendo investimento e mentorias que impulsionaram seu crescimento
Em 2015, o Méliuz recebeu aporte do investidor Fabrice Grinda, cofundador da OLX, o que contribuiu para a expansão da empresa. No ano seguinte, a empresa passou a oferecer cashback também em estabelecimentos físicos, como supermercados e farmácias.
Em novembro de 2020, o Méliuz realizou seu IPO, tornando-se a primeira startup brasileira a abrir capital na B3, a bolsa de valores do Brasil. Com os recursos captados, a empresa expandiu seus serviços e adquiriu outras plataformas, como o site de cupons Picodi.com e a plataforma de social commerce Promobit.