Em um novo ponto de virada em sua trajetória controversa, Jordan Belfort, mais conhecido como o “Lobo de Wall Street” devido ao filme homônimo estrelado por Leonardo DiCaprio, agora se diz um adepto do Bitcoin (BTC) – mas não de todas as criptomoedas.
Belfort é mais uma das personalidades do mercado financeiro tradicional que se rende ao Bitcoin após anos de ceticismo e críticas contundentes.
Em setembro de 2017, quando o Bitcoin ainda era cotado abaixo de US$ 5.000, Belfort afirmou que o Bitcoin era uma fraude baseada em um programa que cria escassez artificial, além de ser vulnerável a hacks.
Pouco tempo depois de o Bitcoin alcançar a máxima histórica de US$ 20.000 em dezembro de 2017, Belfort questionou a finalidade da criptomoeda, declarando-a inútil:
“O Bitcoin foi projetado para ser usado como uma moeda, e está sendo usado como um veículo de investimento. Como moeda, o Bitcoin não é mais útil nem cotado a US$ 20.000 ou a US$ 100."
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Conversão ao Bitcoin
A conversão de Belfort ao Bitcoin coincide com o crescimento da adoção institucional da criptomoeda nos EUA e sua integração ao mercado financeiro tradicional.
O “Lobo de Wall Street” esteve no Brasil na semana passada para participar de um evento fechado em São Paulo onde apresentou suas teses de investimento para 2025. Belfort mostrou-se entusiasmado com as perspectivas do Bitcoin, especialmente diante da possível criação de uma reserva estratégica nos Estados Unidos.
Belfort revelou que seu portfólio de investimentos está concentrado em ações de empresas e fundos de índice negociados em bolsa (ETFs) atrelados ao Bitcoin:
“Prefiro operar nas bolsas dos Estados Unidos porque é um mercado sólido, que oferece um retorno de 10% a 12% no ano, com empresas grandes", respondeu o “Lobo de Wall Street” ao ser questionado sobre a possibilidade de investir em empresas brasileiras na B3.
“Não invisto na bolsa brasileira por nenhum motivo em particular, assim como não compro papéis nas bolsas da Alemanha ou do Reino Unido", afirmou Belfort. No entanto, afirmou que a defasagem do índice Ibovespa em relação ao S&P 500 pode oferecer boas oportunidades para investidores focados no mercado brasileiro:
“Talvez este seja o momento para investir no Brasil, que está em crise, em grande parte por questões políticas. O melhor momento para investir é quando a bolsa está em baixa.”
A lenda do “Lobo de Wall Street”
Belfort tornou-se o “Lobo de Wall Street” ao abrir uma corretora de investimentos em Nova York focada na negociação de small caps no final da década de 1980, aos 27 anos. O empresário criou um esquema para inflar o valor de pequenas empresas cobrando taxas de corretagem acima da média do mercado.
Como resultado, 1.500 investidores foram vítimas de um prejuízo de US$ 200 milhões. O golpe foi desvendado pelo FBI e o Departamento de Justiça dos EUA, resultando na condenação de Belfort a uma pena de prisão de dois anos por fraude e lavagem de dinheiro.
Ao ser libertado, Belfort lançou um livro contando a sua história de ascensão e queda, alimentando a lenda do “Lobo de Wall Street." Com a venda dos direitos para Hollywood e o sucesso da produção dirigida por Martin Scorsese, Belfort passou a ser requisitado para participar de eventos e palestras, faturando, em média, US$ 50 milhões por ano. Valor equivalente ao que obtinha com seus golpes no mercado financeiro.
Reabilitado, Belfort afirma que jamais voltará a cometer os mesmos erros do passado. Embora tenha revisto sua opinião sobre o Bitcoin, o “Lobo de Wall Street” diz que é preciso agir com discernimento ao avaliar as criptomoedas.
Segundo ele, é preciso tomar cuidado com “shitcoins” especulativas, totalmente desprovidas de casos de uso e valor real.
Em seguida, afirma que já rejeitou inúmeras propostas para lançar memecoins associadas à sua personalidade, pois não quer se envolver em negócios que “exploram as fragilidades das pessoas":
“Praticamente todo dia alguém me liga querendo criar uma moeda nova do ‘Lobo’. Eu ganharia muito dinheiro facilmente, mas não faço porque não é o meu negócio. Nunca mais entrarei em negócios nos quais eu ganhe, mas as pessoas percam.”
Às vésperas de assumir a presidência da República nos EUA, Donald Trump e a primeira-dama Melania Trump, lançaram memecoins oficiais que geraram um frenesi especulativo inédito na história do mercado de criptomoedas, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.
A memecoin Trump Official (TRUMP) atingiu um topo de US$ 14,5 bilhões em capitalização de mercado menos de 48 horas após o lançamento. Passadas pouco mais de duas semanas, a memecoin desvalorizou 74% e atualmente está avaliada em US$ 3,8 bilhões, de acordo com dados da CoinGecko.