O volume negociado de criptomoedas no Brasil cresceu significativamente em junho, impulsionado por uma alta de 32% das operações de compra e venda da stablecoin (USDT) e de 5,7% do Bitcoin (BTC) em seus pares com o real, segundo relatório da plataforma de dados de mercado Biscoint.

Paralelamente, o relatório aponta que houve uma redistribuição da liquidez entre as principais exchanges em operação no mercado brasileiro. Embora a Binance mantenha a liderança com mais de 50% de participação sobre o volume total negociado nos pares do real com o USDT e o Bitcoin, plataformas locais ampliaram sua fatia de mercado em relação às gigantes globais.

USDT se mantém como criptoativo preferencial dos brasileiros

O volume negociado de USDT, a maior stablecoin atrelada ao dólar em capitalização de mercado, atingiu R$ 9,63 bilhões no Brasil em junho, um avanço de aproximadamente 32% em relação a maio, quando o volume foi de R$ 7,29 bilhões.

O crescimento ocorreu paralelamente à desvalorização do dólar em relação ao real, que caiu de R$ 5,69 para R$ 5,57 no período. A expansão no volume de negociação de USDT foi atribuída pela Biscoint “ao fortalecimento das stablecoins como meio de pagamento e reserva de valor no Brasil, sobretudo em um contexto de maior uso para pagamentos e remessas.”

“Todos os benefícios que existem na dolarização do dinheiro fiat se aplicam às stablecoins, com as vantagens da tecnologia - menos custos, menos intermediários, mais agilidade", afirmou Sarah Uska, analista de criptoativos da exchange Bitybank em entrevista ao Cointelegraph Brasil.

No par USDT-BRL, a Binance mantém uma ampla dominância, com participação de mercado de 81,9%, segundo dados da Biscoint. Entre as exchanges nacionais, a BitPreço se consolidou como a principal referência para o par, com 5,4% de participação em junho.

Volume negociado de Bitcoin cresce em momento de turbulência nos mercados globais

O Bitcoin registrou crescimento no volume de negociação em junho, apesar da turbulência que abalou os mercados financeiros globais com o ataque de Israel ao Irã e o posterior envolvimento dos Estados Unidos no conflito.

O volume total negociado atingiu a marca de R$ 5,18 bilhões, representando um aumento de 5,7% na comparação com maio, quando o total foi de R$ 4,90 bilhões. O aumento na atividade dos investidores ocorreu durante um período de oscilação negativa do preço do Bitcoin, que recuou de R$ 593.870 em 1º de junho para R$ 589.370 no final do mês.

Na dinâmica das exchanges, a Binance manteve sua liderança, com 53,5% de participação de mercado, apesar de uma redução de 4,9 pontos percentuais em relação a maio. Em contrapartida, as exchanges nacionais Mercado Bitcoin (19,9%) e BitPreço (14,8%) apresentaram avanços em suas respectivas participações de mercado.

A expansão do ecossistema local ocorreu em paralelo às discussões sobre o possível fim da isenção de ganhos de capital para clientes de empresas sediadas no Brasil, referente a transações com criptoativos até o limite de R$ 35.000 mensais, conforme proposto pelo governo federal na Medida Provisória 1.303/2025.

Volume negociado de Ethereum cai apesar da valorização do ativo

O mercado de Ethereum (ETH) no Brasil registrou uma leve retração mensal de 2,4% em junho, com um volume total negociado de R$ 1,95 bilhão. Apesar dessa queda, o preço médio do ETH apresentou uma pequena valorização, subindo de R$ 13.860 para R$ 13.980.

Nas últimas semanas, a Ethereum foi uma das principais beneficiadas pelos avanços regulatórios nos Estados Unidos e pela crescente institucionalização das stablecoins.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, tokens do setor de DeFi (finanças descentralizadas) do ecossistema da rede ficaram entre os principais destaques de junho no mercado de criptomoedas.