A renda passiva é um dos grandes atrativos do mercado de criptomoedas para usuários interessados em obter rendimentos adicionais ao desempenho de mercado de seus portfólios de investimento.

Com a predominância de blockchains que utilizam a prova-de-participação (PoS) como mecanismo de consenso e necessitam de capital bloqueado para garantir a segurança de seus ecossistemas e validar transações, os usuários têm diversas opções de staking para obter recompensas financeiras.

Um relatório publicado pela CoinGecko nesta quinta-feira, 24 de outubro, revela as 11 blockchains que oferecem os maiores rendimentos aos usuários e quais delas têm a relação mais saudável de moedas em staking proporcionais ao suprimento circulante.

Rendimentos e coeficiente de staking de blockchains de Prova-de-Participação (PoS). Fonte: CoinGecko

O relatório enfatiza que cada rede organiza seu sistema de staking com base em suas necessidades operacionais e políticas monetárias. A Ethereum (ETH), rede líder em volume total bloqueado (TVL) de capital, prioriza a descentralização de seu ecossistema. Enquanto a Solana (SOL), que atualmente disputa a segunda colocação com a Tron (TRX), foca na velocidade e no baixo custo das transações.

O tokenomics também deve ser observado. Fatores como o suprimento total, a taxa de emissão e o cronograma de desbloqueio de novos tokens e os casos de uso dos tokens são fundamentais para determinar a validade ou não de manter tokens travados em staking em troca de renda passiva. Muitas vezes tokens inflacionários podem resultar em recompensas mais generosas, mas também estão mais propensos à diluição de valor.

Cosmos, Polkadot e Tezos se destacam por oferecer rendimentos de dois dígitos

Atualmente, três blockchains oferecem rendimentos de dois dígitos para os stakers de seus ecossistemas, de acordo com a CoinGecko. A Cosmos (ATOM) recompensa os usuários com a taxa de juros mais elevada sobre o capital bloqueado, em torno de 18,5%.

O coeficiente de staking da rede é de 59%, o que significa que 248,8 milhões ATOM (equivalentes a aproximadamente US$ 1,1 bilhão na cotação atual) do total de 390,6 milhões em circulação são mantidos em staking.

Embora os rendimentos sejam atraentes, é importante observar que a política monetária da Cosmos não estabelece limites para o suprimento total do ATOM. O caráter inflacionário do token não garante a lucratividade de operações de staking.

A Polkadot (DOT) ocupa o segundo lugar, pagando 11,7% sobre os DOTs bloqueados em staking. O coeficiente de staking da rede é de 56%. A Tezos (XTZ) completa o Top 3, com rendimentos de staking de 10%, e um coeficiente de staking de 68%.

No entanto, assim como o ATOM, o suprimento de DOT e XTZ é ilimitado – e no longo prazo tende a diluir as recompensas recebidas pelos stakers da Polkadot e da Tezos.

As blockchains Aptos (APT) e Sui (SUI) destacam-se por possuir os coeficientes de staking mais elevados entre as redes analisadas pela CoinGecko – 78% e 77%, respectivamente. O staking de APT rende 7% ao ano, mas o token tem suprimento ilimitado, tornando pouco atrativa a operação.

Embora o suprimento total do SUI seja limitado a 10 bilhões de unidades, apenas 26% estão em circulação atualmente. Ou seja, a emissão de novos tokens e futuros desbloqueios contribuirão para a diluição do valor de mercado do SUI.

Com rendimentos de 3% ao ano, manter o SUI em staking como investimento financeiro faria sentido para traders que pretendem manter o token em seus portfólios a médio e longo prazo.

A Ethereum, por sua vez, oferece os mesmos 3% de rendimento e possui o menor coeficiente de staking entre todas as blockchains analisadas pelo relatório. No entanto, é a rede que possui o maior valor nominal em dólares de tokens depositados em staking.

A operação faz sentido levando em conta que tanto os rendimentos quanto a emissão de novos ETHs estão diretamente relacionados à atividade na rede. Com a implementação da Proposta de Melhoria da Ethereum (EIP) 1559, em agosto de 2021, uma parte da taxa base de cada transação é permanentemente removida da circulação, reduzindo o suprimento circulante do Ether.

Essa queima de ETH favorece uma política monetária deflacionária à medida que a demanda pelo uso da rede aumenta, potencialmente elevando o valor do ativo a longo prazo.

A transferência de boa parte da atividade da rede principal da Ethereum para soluções de camada 2, no entanto, tem produzido o efeito contrário. A redução na receita das taxas de transação fez com que o Ether voltasse a se tornar inflacionário em maio deste ano.

Ao mesmo tempo, os rendimentos de staking decaíram após a implementação da EIP-4844, que reduziu as taxas de gás para aumentar a escalabilidade do ecossistema de camadas 2. A redução nas taxas de gás impactou negativamente a receita dos validadores, cujas recompensas são extraídas das receitas geradas pelo uso da rede.

Apesar de as atualizações terem tornado a Ethereum menos atrativa para stakers e validadores, a quantidade de ETH depositada em staking cresceu, sinalizando uma crença de que o mercado confia nos fundamentos e no potencial de longo prazo tanto da tecnologia quanto do investimento financeiro.

Por fim, a Solana oferece rendimentos de 7% e possui um coeficiente de staking de 67% com um token cujo suprimento é ilimitado. Assim como no caso da Ethereum, o investimento e o staking de SOL parecem motivados por uma tese de investimento baseada nos fundamentos e na expansão do ecossistema da rede.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, Vitalik Buterin, cofundador da Ethereum, apresentou propostas para alteração dos mecanismos de staking, visando aprimorar a eficiência da rede.