O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Federal (PF) deflagraram na última quinta-feira (19) a Operação Cryptoland para desarticular um esquema milionário de furto de criptomoedas de uma exchange. Em outra frente, o MP teve uma representação acolhida pela Justiça, que condenou uma delegada e três policiais supostamente envolvidos com as operações de Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins".
Realizada pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro, em conjunto com a Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ (CSI/MPRJ) e a Delegacia de Repressão aos Entorpecentes (DRE) da PF, a Operação Cryptoland. A ação cumpriu um mandado de prisão e três mandados de busca e apreensão expedidos pela 14ª Vara Criminal da Capital.
As investigações tiveram início para apurar a subtração de US$ 2.360.632,45 (cerca de R$ 14,7 milhões) por meio de uma sofisticada fraude cibernética. A vítima foi uma exchange com sede em Nova York, que atua também no mercado brasileiro, cujo nome não foi revelado.
De acordo com o MPRJ, o acusado explorou uma vulnerabilidade no sistema da exchange, realizando mais de 600 operações de swap de criptomoedas em um período de aproximadamente 10 horas. A fraude permitiu a subtração da quantia milionária descrita. Além disso, segundo a denúncia, o rastreamento em blockchains revelou um fluxo de movimentações no valor de US$ 30.481.601,35 (cerca de R$ 190 milhões), entre a data do crime e o oferecimento da denúncia. Não foram apresentadas justificativas legais para esse volume expressivo de negociações, de acordo com o MP.
Os promotores de Justiça Fabiano Cossermelli Oliveira e Diogo Erthal, responsáveis pela operação, destacaram que o uso de técnicas avançadas de investigação e de ferramentas de rastreamento permitiu identificar e documentar os crimes atribuídos ao acusado, bem como sua milionária movimentação de ativos virtuais sem lastro comprovado. Segundo eles, isso demonstra como a transparência e a imutabilidade das blockchains podem ser aliadas na persecução penal.
Eles também ressaltaram a colaboração de várias prestadoras de serviços de ativos virtuais, sediadas em diferentes países, que cumpriram prontamente as medidas cautelares determinadas pelo Judiciário. Segundo eles, essa cooperação internacional demonstra a importância de manter canais estreitos entre o MPRJ e as exchanges para aplicar a lei com eficiência em um cenário dinâmico e global como o do mercado cripto.
Em relação às condenações, a sentença foi proferida pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa, também na quinta-feira. Eles foram denunciados pela 1ª Promotoria de Justiça junto às 1ª, 2ª e 3ª Varas Especializadas em Organização Criminosa no âmbito da Operação Novo Egito, desdobramento da Operação Kryptos, que prendeu Glaidson em agosto de 2021. A delegada e os policiais foram condenados a dois anos e oito meses de prisão, cada um, e a perda do cargo.
Segundo o MP, As investigações revelaram que a delegada, enquanto atuava na Delegacia de Defraudações (DDEF), recebeu propina de Glaidson em troca de favorecimentos ao esquema. Além disso, constatou-se que os policiais civis condenados facilitaram as atividades ilegais da organização, que movimentou cerca de R$ 38 bilhões em transações financeiras irregulares. Á época, os policiais civis também eram lotados na DDEF.
Com base nas provas apresentadas pelo MPRJ, incluindo interceptações telemáticas, registros financeiros e depoimentos, a Justiça reconheceu a responsabilidade dos réus por crimes como organização criminosa, gestão fraudulenta e corrupção passiva.
Esta semana, a polícia também realizou busca e apreensão contra suspeito de invadir carteira e furtar R$ 48 mil em criptomoedas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.