A Polícia Judiciária do Mato Grosso, através da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Várzea Grande, cumpriu nesta terça-feira (17), no Distrito Federal (DF), mandados de busca e apreensão contra um jovem investigado por furtar criptomoedas de um morador de Mato Grosso. Segundo as investigações, para dissimular o furto, o investigado, que não teve a identidade revelada, realizou transações eletrônicas que caracterizam o crime de lavagem de dinheiro.

A decisão judicial da 2ª Vara Criminal de Várzea Grande determinou ainda a quebra de sigilos bancário e telefônico e o bloqueio das criptomoedas. A Justiça deferiu também medidas cautelares contra o investigado, entre elas a proibição de acessar carteiras digitais, suspensão de negociações de criptomoedas e abertura de contas-correntes e comparecimento ao juízo para justificar suas atividades. O descumprimento das medidas pode acarretar prisão preventiva, segundo a polícia.

O investigado foi levado à 21ª Delegacia do Distrito Federal e está sendo interrogado pelo delegado da Derf de Várzea Grande, Alexandre Nazareth. Com ele foram apreendidos uma CPU, um Iphone e um cartão bancário em nome de terceiro.  

A polícia revelou que a vítima relatou que em setembro deste ano teve sua carteira digital, no aparelho celular, invadida e realizadas transferências de criptomoedas que correspondem a R$ 48 mil.

Conforme a apuração, na mesma data em que houve a transferência, a vítima recebeu uma notificação do Google informando que a senha de seu e-mail havia sido alterada, assim como foi comunicada pela corretora digital que as moedas digitais transferidas. Ao fazer contato com a operadora de telefonia, a vítima ficou sabendo que uma pessoa se passou por ele e foi a uma loja da operadora solicitando, em seu nome, um novo chip, mas usando o mesmo número do aparelho da vítima.  

A investigação apurou que um aparelho da marca Iphone havia acessado a carteira digital da vítima em outro estado do país. Após diversas diligências realizadas pela Derf de Várzea Grande, a equipe confirmou o endereço do suspeito do furto como residente no Distrito Federal.  

De acordo com a Derf, o investigado também é cliente da mesma carteira de criptomoedas que a vítima e assim que executou a transferência criminosa, além de uma série de malabarismos a fim de dificultar o rastreamento.

O delegado responsável pelo inquérito, Alexandre Nazareth, explica que, além do furto, o investigado ainda cometeu fraude eletrônica fazendo diversas transações de compra, venda e revendas das criptomoedas.  

“Imediatamente após subtrair as criptomoedas, o investigado realizou uma série de transações obscuras para diferentes carteiras e fazendo ainda a conversão de parte do que furtou em moeda fiduciária (dólar) para dar a aparência lícita à vantagem auferida criminosamente”, destacou o delegado.

 Alexandre Nazareth acrescentou que a rapidez com que o investigado realizou as transações, em menos de seis horas, usando sistemas diferentes de registros, demonstra que o morador de Várzea Grande não foi a única vítima, o que evidencia experiência com as ferramentas digitais necessárias para cometer os crimes.  

Colaboraram com a investigação o Laboratório Contra Lavagem de Dinheiro e a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos, ambos da Polícia Civil de Mato Grosso, além da 21ª Delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal e o Laboratório de Operações Cibernéticas da Diretoria de Operações Integradas do Ministério da Justiça. 

No final de novembro, a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação HIDDEN CIRCUIT, com o objetivo de reprimir os crimes de descaminho, organização criminosa, evasão de divisas, incitação ao crime e lavagem de dinheiro, que, nesse caso, também envolvia a utilização de criptomoedas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.