Após tornar-se a primeira Bitcoin Strategy Company do Brasil na semana passada, o Méliuz anunciou que pretende expandir seu caixa de criptomoedas por meio de captações de recursos nos mercados financeiro e de capitais.

Segundo o comunicado divulgado ao mercado e aos acionistas da empresa, o Méliuz pretende captar no mínimo R$ 150 milhões para investimento em Bitcoin. Esse montante “poderá ser substancialmente aumentado em decorrência da distribuição de um lote adicional ou instrumento similar, a critério da Companhia.”

A captação de recursos ficará a cargo do BTG Pactual, que adquiriu participação acionária de 6,3% no Méliuz depois que a empresa de cashback apresentou ao mercado sua “Estratégia Bitcoin” em abril deste ano.

O documento informa que o Méliuz está avaliando diferentes alternativas para captação de recursos, incluindo “a emissão de valores mobiliários representativos de títulos de dívida conversíveis em ações ou não conversíveis, e/ou (ii) a realização de uma oferta pública primária de distribuição de ações ordinárias, com ou sem esforços de colocação no exterior (‘Oferta Pública’).”

A emissão de títulos de dívida prevê a possibilidade de convertê-los em ações da Companhia no futuro ou não, dependendo da estrutura definida. Essa modalidade permite que a empresa levante fundos por meio de empréstimos de investidores, que seriam remunerados e, no caso dos conversíveis, teriam a opção de se tornar acionistas.

A segunda alternativa em avaliação é realizar uma oferta pública inicial (IPO) ou subsequente (Follow-on) de ações ordinárias no mercado. Isso significa vender novas ações da empresa ao público em geral e a investidores institucionais.

O documento menciona que essa oferta pode, inclusive, incluir a entrega de bônus de subscrição como uma vantagem adicional para os investidores que participarem da oferta de ações. Essa operação seria realizada nos termos da Resolução da CVM nº 160, de 13 de julho de 2022, e demais normas aplicáveis, podendo ou não envolver esforços de colocação no exterior.

A decisão sobre o modelo a ser adotado dependerá de uma série de fatores, incluindo as condições dos mercados financeiro e de capitais (tanto no Brasil quanto no exterior), a obtenção das aprovações necessárias (societárias e de terceiros, se aplicável), o cenário político e macroeconômico, e o interesse dos investidores do Méliuz, acrescenta o documento.

Méliuz: Primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil

O Méliuz formalizou a alteração de seu objeto social para permitir a realização de investimentos em Bitcoin como parte de sua estratégia de negócios em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada na última quinta-feira, 15 de maio, tornando-se oficialmente a primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil.

Com a mudança em seu modelo de negócios, a empresa passa a ter o objetivo expresso de acumular Bitcoin em benefício dos acionistas, utilizando seu caixa, estruturas corporativas e instrumentos do mercado de capitais, para ampliar sua exposição ao ativo ao longo do tempo.

“Mais do que apenas alocar parte do caixa em Bitcoin como proteção contra a inflação ou desvalorização cambial, a Companhia reposiciona seu propósito para atuar maximizando a quantidade de Bitcoin por ação", declarou a empresa em comunicado oficial na ocasião.

O primeiro ato sob o novo modelo de negócios foi um investimento de US$ 28,4 milhões na compra de 274,52 BTC, a um preço médio de US$ 103.604,07.

Somando-se ao aporte inicial de 45,72 BTC realizado em março deste ano, o caixa do Méliuz em Bitcoin totaliza 320,25 BTC. O preço médio do investimento é de US$ 101.575, com um lucro não realizado de 3,25%, de acordo com dados do site Bitcoin Treasuries.

Com o novo aporte, o Méliuz atingiu a 42ª posição no ranking de empresas públicas que mantêm Bitcoin em caixa, segundo o Bitcoin Treasuries. Atualmente, é a segunda empresa da América Latina com maiores participações em Bitcoin, atrás apenas do Mercado Livre, que possui 570,4 BTC em caixa.

A adoção de reservas em Bitcoin impulsionou a recuperação das ações do Méliuz (CASH3) na B3, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil. Desde o início do ano, a CASH3 valorizou 161%, tendo atingido uma máxima anual de R$ 10,70 na última sexta-feira, 16 de maio, após a aprovação da alteração de seu contrato social e do anúncio de seus resultados no primeiro trimestre. Atualmente, está cotada a R$ 7,06, de acordo com dados do Google Finance.

Preço das ações da CASH3 na B3 em 2025. Fonte: Google Finance