A Liqi Securitizadora anunciou esta semana que ultrapassou R$ 200 milhões em emissões de tokens de recebíveis e debêntures financeiras.

Criado com objetivo de modernizar o mercado de capitais e crédito privado por meio de tecnologia que suporta as criptomoedas, o braço de securitização da Liqi Digital Assets, fintech especializada em infraestrutura blockchain, iniciou suas atividades em março e já ultrapassou 50 operações estruturadas, 30 mil recebíveis sob gestão e mais de 7 mil investidores envolvidos.

A primeira securitizadora nativa em blockchain do Brasil também está conectada ao ecossistema regulatório, já que a Liqi Securitizadora opera em conformidade com Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e Receita Federal do Brasil (RFB).

Com a chancela regulatória, a Liqi está autorizada a atuar em emissões de oferta pública de ativos securitizados como: Certificados de Recebíveis (CR); Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI); Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA); Debêntures Financeiras.

Além disso, a empresa salienta que chega ao mercado com infraestrutura preparada para se integrar ao Drex, versão brasileira de moeda digital emitida por banco central (CBDC, na sigla em inglês), o “real digital”.

Unimos o poder da blockchain e da tokenização com o modelo tradicional de securitização para aumentar a eficiência, segurança e controle em todo o processo, explica o CEO da Liqi, Daniel Coquieri.

O executivo destaca ainda que o desenvolvimento do TIDC, protocolo proprietário de tokenização de ativos, que garante padronização, rastreabilidade e interoperabilidade em toda a jornada dos tokens no mercado de capitais. O que representa a base tecnológica que conecta emissão, negociação e liquidação com transparência e governança.

É fundamental a gente ter o protocolo de tokenização, que é o TIDC, que também é um protocolo de securitização proprietário, mas também ter a camada regulatória dentro do grupo econômico da Liqi, com a licença da CVM. Isso possibilita ofertar ao mercado uma solução conjunta, com foco em eficiência e redução de custo, acrescenta.

Inovação desde a origem

Segundo Daniel Coquieri, ao nascer já com DNA tecnológico, a Liqi Securitizadora eliminou diversas ineficiências tradicionais do setor. Em vez de processos manuais, planilhas e reconciliações operacionais custosas, a empresa oferece soluções que permitem:

  • Pagamentos automáticos e programados, sem necessidade de conferência;

  • Cálculo automático de rentabilidade (PU) via contratos inteligentes;

  • Automação de eventos de compliance, com alertas e trilhas de auditoria em tempo real;

  • Governança digital, com registros imutáveis e auditáveis via blockchain.

Para o CEO e fundador da Liqi, essas ferramentas reduzem erros, diminuem custos operacionais e tornam viáveis emissões menores, que muitas vezes não eram exequíveis no modelo tradicional devido ao alto custo de estruturação.

Estruturação flexível e eficiente

O executivo acredita que outro diferencial está na flexibilidade para estruturar operações customizadas, adaptadas a diferentes perfis de empresas e estratégias de captação. Isso porque a plataforma permite configurar séries com taxas distintas, aplicar diferentes tipos de garantias e ajustar estruturas conforme o fluxo de recebíveis ou a característica do ativo subjacente. Com isso, a securitizadora tem sido escolhida por empresas como Kavak, Descontanet, Peak, Movens, Fiducia, entre outras, para estruturar operações privadas e sofisticadas de captação no mercado de capitais, muitas delas viabilizadas com recebíveis como lastro.

Compliance e confiança no código

O representante da securitizadora argumenta que o uso de blockchain não é apenas um adereço tecnológico, mas uma ferramenta de governança e transparência. Isso porque a lógica operacional dos títulos — desde o fluxo de caixa até regras de garantia — é embutida em contratos inteligentes, que reduzem significativamente o risco de inadimplência ou disputas judiciais. Esse modelo representa uma mudança estrutural na forma de securitizar ativos no Brasil, criando um novo padrão de eficiência, rastreabilidade e segurança para investidores e empresas que buscam capital.

Em abril, a Liqi e a XDC Network anunciaram uma parceria para emissão de US$ 500 milhões em tokens RWA no país, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.