A Justiça decidiu esta semana manter a decisão de levar Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoin, e outros 11 réus a júri popular pelo assassinato de Wesley Pessano, de 19 anos, morto a tiros em 4 de agosto de 2021, em São Pedro da Aldeia, Região dos Lagos, no estado do Rio.
À frente da GAS Consultoria Bitcoin, Glaidson e sua mulher, a venezuelana Mirelis Zerpa, movimentaram cerca de R$ 38 bilhões em seis anos, atraindo clientes de diversas regiões do Brasil sob a promessa de rendimentos de 10% ao mês mediante investimentos em criptomoedas, mas a empresa sequer possuía registro junto aos órgãos regulatórios para operar no mercado financeiro.
A decisão aconteceu pelo indeferimento de desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) de um recurso impetrado pela defesa de Glaidson e de outros seis acusados.
De acordo com as investigações, o Faraó, preso em agosto de 2021 no âmbito da Operação Kryptos, teria encomendado a assassinato porque Wesley era considerado um concorrente de seus negócios envolvendo criptomoedas, já que a vítima também atuava na Região dos Lagos.
Segundo testemunhas, Wesley chegava em um Porche a uma barbearia para cortar o cabelo, quando foi surpreendido por homens armados dentro de outro veículo, que emparelhou o carro de luxo da vítima. Os disparos chegaram a atingir um homem que estava no banco do carona do conversível, ele foi socorrido e sobreviveu.
Meu filho foi arrancado de mim de forma covarde. Faz quase quatro anos que eu acordo todos os dias com o coração partido. Sinto que a Justiça começou a ser feita, desabafou Carla Pessano, mãe de Wesley, ao Jornal o Globo.
Em novembro de 2021, a polícia prendeu em Guarapari, no Espírito Santo, Ananias da Cruz Vieira, que estava com prisão temporária decretada por suspeita de participação no recrutamento de pessoas para executarem Wesley. Ananias também seria um dos responsáveis pelo pagamento dos executores do crime, que teriam recebido R$ 40 mil pelo assassinato.
Em outubro de 2021, Glaidson também foi indiciado pela tentativa de assassinado de outro concorrente, Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, que foi baleado no interior de uma BMW X6 avaliada em aproximadamente R$ 600.000 enquanto trafegava na Rua Maestro Braz Guimarães, em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
De acordo com as investigações, Glaidson encomendou a morte do rival porque em janeiro Nilsinho começou a divulgar que em breve o dono da GAS Consultoria Bitcoin seria alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). Com base nessa afirmação, o concorrente do Faraó dos Bitcoins tentava convencer os clientes de Glaidson a sacar suas aplicações da GAS Consultoria para investir em criptomoedas através da sua empresa.
No final de junho deste ano, a Polícia Federal prendeu Mirelis Zerpa, que foi deportada dos Estados Unidos, onde estava presa desde janeiro de 2024, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.