O Google anunciou na última quarta-feira (20) que os usuários brasileiros poderão utilizar nas próximas semanas o “Modo IA”, funcionalidade de inteligência artificial (IA) localizada em uma aba superior do buscador.
O anúncio foi feito em um evento em Belo Horizonte, comemorativo ao aniversário de 20 anos das operações da big tech no país. A capital mineira foi o local escolhido para a primeira sede do Google no Brasil, por causa da aquisição da startup de busca Akwan, criada por professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O Modo IA faz parte do AI Overviews, anunciado em agosto do ano passado pelo Google. Nos moldes de um chatbot, o recurso promete buscas mais contextualizadas, a partir da utilização da versão mais recente de IA da big tech, o Gemini 2.5. Já a interação poderá ser feita por texto, voz e imagens.
Segundo o vice-presidente global de engenharia para busca no Google, Bruno Pôssas, a combinação entre Modo IA e AI Overviews representa a ferramenta de IA mais utilizada do mundo, representando atualmente um universo de mais de 2 bilhões de pessoas. Por sua vez, o Modo IA já começou a ser lançado nos Estados Unidos, Índia e Reino Unido.
Sabemos o quanto os brasileiros utilizam a inteligência artificial, como gostam de experimentar novas tecnologias e isso vai possibilitar um avanço muito grande no que a busca pode oferecer para as pessoas, disse Bruno Pôssas.
Ao citar exemplos de casos de uso mais complexos, como planejamento de viagens, comparação de produtos e compreensão de guias, o Google revelou que os dados iniciais da empresa indicam que os brasileiros tendem a fazer perguntas mais longas no Modo IA do que na busca tradicional.
Principais recursos do Modo IA
Raciocínio avançado: utiliza uma técnica de “ramificação de consultas” para dividir perguntas complexas em subtópicos e realizar múltiplas buscas simultâneas.
Multimodalidade: permite interação via texto, voz (pelo acionamento do ícone do microfone) ou imagens (enviando ou tirando uma foto para perguntar sobre ela).
Pesquisa na Web: além de fornecer respostas geradas por IA, a ferramenta disponibiliza links em destaque para mais informações, incentivando maior diversidade de acesso e tempo de navegação nos sites.
A Big tech anunciou ainda a instalçao do segundo centro de engenharia do país, em São Paulo, e a ampliação de seu escritório em Belo Horizonte, onde a empresa vai inaugurar um novo andar no Boulevard Corporate Tower, na zona leste da capital mineira, com capacidade para 80 engenheiros. O que deve elevar o tamanho da equipe para 400 pessoas.
Brasil e Equador
Na última segunda-feira (18), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e a ministra das Relações Exteriores e Mobilidade Humana do Equador, Gabriela Sommerfeld, assinaram um Memorando de Entendimento (MdE) em inteligência artificial.
De acordo com informações da Agência Gov, o documento prevê o fortalecimento acadêmico e científico, além da capacitação de profissionais em infraestruturas de computação de alto desempenho para o desenvolvimento de modelos latino-americanos de inteligência artificial.
A assinatura ocorreu durante a visita oficial do presidente da República do Equador, Daniel Noboa, ao Brasil, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Sabemos que o domínio tecnológico é elemento fundamental para a soberania das nações. Acredito que os países em desenvolvimento devem reunir esforços para garantir sua soberania e não se tornarem reféns de países mais industrializados”, disse a ministra.
Luciana Santos enfatizou que é crucial que os países da América Latina mantenham uma coordenação regional e mesmo uma integração que proporcione o desenvolvimento de tecnologias digitais próprias e voltadas à realidade regional.
Fomento à pesquisa
A parceria com o Equador poderá integrar o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê o fomento à pesquisa e ao desenvolvimento por meio de 100 projetos colaborativos em IA com países da América Latina e da África, com investimento estimado em R$ 100 milhões. O plano também contempla o compartilhamento da infraestrutura brasileira de inteligência artificial com outras nações em desenvolvimento, em especial da região latino-americana, por meio do apoio a 30 projetos até 2028, com aporte previsto de R$ 50 milhões.
Entendo que Brasil e Equador têm percepções similares do impacto que a IA terá em nossas sociedades e da necessidade de se fomentar uma adoção responsável da tecnologia, o que promoverá a maximização de seus benefícios, não apenas para nossas economias, mas para as pessoas em geral. Nesse sentido, identificamos muitas sinergias entre o PBIA e a Política de Transformação Digital 2025-2030 do Equador, destacou Luciana Santos.
Essa semana a Justiça de São Paulo também informou que multou uma empresa após erro da inteligência artificial em petição, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.