Uma postagem do blog do Banco Central Europeu (BCE) discute a importância de mecanismos de pagamento resilientes. Embora o relatório se concentre em sistemas tradicionais, ele também menciona novas tecnologias baseadas em blockchain, como o Euro digital.

Publicado em 28 de abril e de autoria de Fabio Panetta, membro do conselho executivo do banco, o relatório destaca que a continuidade dos sistemas de pagamento é uma tarefa crítica para o banco central, especialmente em tempos de crise.

Concorrente da tecnologia blockchain

O relatório focou-se fortemente em elogiar o Target Instant Payment System (TIPS), lançado em novembro de 2018. Essa rede de pagamentos instantâneos lançada pelo BCE que fornece uma camada de liquidação para bancos comerciais.

Se adotado em larga escala, permitiria que empresas e pessoas negociassem entre si instantaneamente e sem limitações de fim de semana ou horário comercial. Panetta escreveu:

"O TIPS foi projetado para liquidar uma carga regular de mais de 43 milhões de transações de pagamento instantâneo por dia e pode lidar com até 2.000 transações por segundo nos horários de pico".

O sistema ainda é novo e apenas o Banco Central sueco prometeu implementá-lo até 2022. Panetta também mencionou sistemas semelhantes para liquidar transações bancárias em larga escala, chamadas Target2, bem como Target2 Securities. Atualmente, esses sistemas estão sendo usados para liquidar transações financeiras na Europa e relataram um desempenho relativamente estável, à medida que a demanda aumentou devido ao colapso do mercado induzido pelo coronavírus em março.

O Euro digital como nacionalização dos pagamentos online

Panetta observou que a quarentena tornou as soluções de pagamento eletrônico seguras e de baixo custo ainda mais críticas do que antes.

O sistema financeiro europeu depende fortemente dos bancos para fornecer transferências de dinheiro ponto a ponto. Apesar das melhorias no atrito transfronteiriço com a Área Única de Pagamentos em Euros (SEPA), ele sofre com todas as desvantagens de um sistema tradicional.

Os serviços de pagamento de varejo são atendidos por empresas americanas como Visa, MasterCard e PayPal. Essa predominância parece estar incomodando o BCE, com Panetta observando:

"Mesmo antes do início da pandemia, o BCE enfatizou que a Europa deve poder fornecer serviços fundamentais, como pagamentos eletrônicos, de forma autônoma".

Essa declaração também reflete a desconfiança em relação ao Libra do Facebook, que desencadeou uma onda de respostas hostis dos reguladores europeus.

Diante disso, o Banco Central Europeu está estudando soluções que criariam sistemas locais para lidar com pagamentos físicos e de comércio eletrônico.

O Euro digital está sendo avaliado como parte dessa iniciativa, com Panetta observando que a experiência do Covid-19 será considerada ao estudar sua viabilidade.

Panetta, no entanto, enfatizou que o Euro digital "não deve desencorajar ou excluir iniciativas lideradas pelo mercado que visam introduzir meios de pagamento eletrônicos privados".

Ainda não se sabe se essa declaração se destina à indústria cripto descentralizada ou a empresas mais tradicionais. Vale a pena notar que a UE tem sido relativamente branda no tratamento da regulamentação de criptomoedas, mas a adoção de cripto provavelmente seria vista como uma ameaça ainda maior à soberania financeira.

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