Utilizando um argumento análogo à expressão “separar o joio do trigo”, o presidente-executivo do Goldman Sachs, David Solomon, em artigo intitulado “Blochchain é muito mais que criptomoeda”, publicado na última semana no Wall Street Journal, frisou que a crise de liquidez da exchange de criptomoedas FTX se transformou, em apenas seis dias, em um pedido de falência. Segundo ele, as empresas de criptomoedas não têm capacidade de acompanhar os movimentos regulatórios, razão pela qual ele defendeu o aproveitamento da tecnologia blockchain pelo sistema financeiro tradicional, após a regulamentação.

Mas, para o analista de pesquisa George Kaloudis, Solomon se esqueceu de dizer que a “ensurdecedora” regulamentação trará a burocracia que, por sua vez, fará com que as blockchains, ainda que privadas, sejam inúteis. O posicionamento do analista foi uma resposta ao executivo, que disse que “não devemos perder a floresta pelas árvores”, posicionamento que pode ser traduzido como “não devemos perder a blockchain por causa das criptomoedas.”

Como exemplo, Solomon lembrou a emissão 100 milhões de euros em títulos de dois anos em abril do ano passado pelo Banco Europeu, por meio do registro e liquidação do Goldman Sachs, Santander e Société Générale. O que, na ocasião, possibilitou que a liquidação, que normalmente acontece em cinco dias, levasse 60 segundos.

Por sua vez, Kaloudis disse que a história pode não ser bem assim, que a culpa pela demora da liquidação, nos moldes atuais, não se deve à não utilização da blockchain, mas à burocracia, que, segundo ele, atrapalha a fluidez das transações. Isso porque, a blockchain funciona de maneira análoga aos atuais repositórios de dados, com a diferença de ser descentralizada. 

O analista lembrou que a gigante dinamarquesa Maersk desativou recentemente sua plataforma de cadeia de suprimentos baseada em blockchain, TradeLens, argumentando que não atingiu “o nível de viabilidade comercial necessário para continuar a trabalhar e cumprir as expectativas financeiras como um negócio independente.” 

Por outro lado, ele avaliou que “o aplicativo matador para a blockchain” é o dinheiro descentralizado, ou com uma governança descentralizada. Ele citou o exemplo das mulheres do Afeganistão, que, por causa das dificuldades imposta pelo Talibã de receberem pagamento pelo sistema bancário tradicional, foram pagas em Bitcoin (BTC) por uma iniciativa de Roya Mahboob, da Afghan Citadel Software Company, conforme noticiou o Cointelegraph.

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