Em relatório divulgado nesta quarta-feira (5), a empresa de análise de blockchain Chainalysis revelou que, apesar de representarem um dos menores mercados no Índice Global de Adoção de Criptomoedas de 2022, os países do Oriente Médio e Norte da África (MENA) foram responsáveis pelo maior crescimento ao receberem US$ 566 bilhões em criptomoedas entre julho de 2021 a junho de 2022, montante 48% superior ao mesmo período anterior.
Ex-líder do MENA, o Afeganistão registrou a maior queda e ficou na 20ª colocação do levantamento. O que aconteceu a partir de agosto do ano passado, quando o Talibã voltou a governar o país e promoveu a prisão de dezenas de traders de criptomoedas, equiparadas a jogos de azar e declaradas “haram” (impuras; proibidas) pelo Ministério para a Propagação da Virtude e a Prevenção do Vício.
Em agosto, a polícia fechou pelo menos 16 exchanges de criptomoedas na província de Herat, no oeste do Afeganistão, segundo uma reportagem da Ariana News, uma agência de notícias independente naquele país.
De acordo com a Chainalysis, a atividade on-chain no Afeganistão atingiu um pico de mais de US$ 150 milhões em setembro do ano passado, logo depois de o Talibã retomar o poder, em razão de o país ter sido apartado do sistema bancário mundial e como forma de recebimento de ajuda humanitária, montante que caiu para pouco mais de US$ 50 milhões em outubro e que atualmente é de menos de US$ 80 mil por mês, volume que representa uma queda de mais de 99,9%, por causa da repressão.
Segundo o documento, nas condições atuais, os investidores de criptomoedas no Afeganistão só têm três opções: “fugir do país, cessar as operações ou correr o risco de ser preso.”
“Uma pequena parte dessa [atividade contínua] é apenas jovens que têm algumas centenas de dólares [disponíveis para negociação diária]. Mas eu diria que a maior parte disso, o único uso que eu vi é lavagem de dinheiro, onde a fonte do dinheiro é ilegal. Muito disso é suborno ou dinheiro de drogas”, disse uma fonte anônima.
Segundo a fonte, as criptomoedas enfrentam outras barreiras no país, onde, segundo ela, poderiam ser utilizadas como reserva de valor e meio de pagamento na combalida economia local, no caso o reduzido número de smartphones no Afeganistão e as escassas redes de celulares.
“[O Afeganistão] passou por tanta coisa que posso usar dólares americanos em quase qualquer lugar. Mesmo que seja um carrinho na beira da estrada, vendendo batatas, estou 100% confiante de que eles vão levar meu dólar. Eles não me darão troco em dólares, mas sempre o aceitarão, porque seu entendimento da volatilidade da moeda está lá. Uma solução com criptomoedas poderia funcionar, mas os obstáculos são sempre esquecidos quando há uma iniciativa sendo planejada. Há uma diferença tão grande entre o plano e a realidade que geralmente nunca dá certo”, completou.
Talibã à parte, as criptomoedas devem se desprender do mercado tradicional e trazer oportunidades segundo avaliação do CEO da gestora brasileira Hashdex, Marcelo Sampaio, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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