O Banco Central (BC) anunciou na semana passada a criação do Centro de Excelência de Dados e Inteligência Artificial (CdE IA) para promover e acelerar o uso da tecnologia em seus processos internos, visando ganhos de eficiência e produtividade.
O centro tem caráter consultivo e propositivo e será composto por especialistas, sob as diretrizes do Departamento de Tecnologia da Informação do BC (Deinf).
As missões do centro se concentram em três pilares: propor medidas de governança para o uso seguro e ético de softwares de ciência de dados e IA; definir requisitos para produtos e serviços de IA generativa a serem utilizados pelo BC; e desenvolver um programa contínuo de capacitação para os funcionários.
“Queremos melhorar a eficiência e a produtividade nos processos de negócio do BC por meio de ferramentas inovadoras, sobretudo com o uso de inteligência artificial, de forma segura e governada”, afirmou Haroldo Cruz, chefe do Deinf, ao comentar a criação do CdE IA.
Todos os departamentos do BC terão assento no CdE IA, com representantes de perfil técnico capacitados para atender aos propósitos do grupo de trabalho.
Espera-se que o CdE IA promova maior eficiência operacional, reduzindo o volume de tarefas repetitivas a serem desempenhadas pelos servidores do BC e aprimorando os processos de análise de dados; aumente a segurança do sistema financeiro, contribuindo para a criação de um sistema de monitoramento de transações e prevenção de fraudes mais efetivo e robusto; e auxilie na tomada de decisões estratégicas através da implementação de modelos preditivos.
A partir da formação do CdE IA, o BC estabeleceu metas para a adoção progressiva de IA em seus processos internos.
O primeiro passo será estabelecer um modelo de governança interno para o uso da tecnologia. Em seguida, o desenvolvimento de produtos proprietários utilizando a ciência de dados e a IA será acompanhado pela instituição de um programa de treinamento e atualização dos servidores. Por fim, o BC vai implementar sistemas de monitoramento e avaliação do uso de IA.
Agenda de inovação do Banco Central
A adoção de IA faz parte da agenda de inovação do BC. Conforme destacou anteriormente Roberto Campos Neto, presidente da instituição, a incorporação da tecnologia emergente deverá compor a última etapa do processo de transformação digital do sistema financeiro nacional.
A criação de um sistema de pagamentos instantâneos foi a primeira etapa, resultando no lançamento do PIX. A integração de instituições bancárias, fintechs e produtos financeiros sob o guarda-chuva da Open Finance, foi o passo seguinte. Ainda faltam o lançamento do Drex, a moeda digital de banco central brasileira (CBDC), e a adoção da IA no ambiente financeiro.
"A última coisa é que, assim que tivermos todo esse processo concluído, todos os blocos integrados, poderemos usar inteligência artificial para tornar o processo melhor para os usuários, com educação financeira, aconselhamento financeiro", afirmou Campos Neto na ocasião.
"A IA vai permitir que as pessoas consumam produtos financeiros de uma forma mais eficiente e segura,” concluiu o presidente do BC.