Pequenas e médias empresas brasileiras já representam entre 10% e 15% dos investimentos em criptoativos no Mercado Bitcoin.
As PMEs adotam um perfil conservador, focando em estratégias de longo prazo, sem especulação com altcoins ou realização frequente de lucros.
O movimento revela que a adoção institucional de Bitcoin e criptoativos não se limita às empresas de tesouraria corporativa com ações listadas em bolsa.
Pequenas e médias empresas brasileiras estão investindo silenciosamente em Bitcoin (BTC) e stablecoins como o (USDT) e o (USDC) como ativos de proteção e gestão de caixa, afirmou Daniel Cunha, head de Desenvolvimento Corporativo do Mercado Bitcoin (MB).
O executivo revelou à Coindesk que entre 10% e 15% dos ativos negociados na plataforma da exchange pertencem a investidores corporativos. A principal motivação dessas empresas é buscar um porto seguro para suas reservas em meio à crescente instabilidade macroeconômica e geopolítica.
Segundo o executivo, essas PMEs enxergam os criptoativos como um investimento focado no longo prazo. A proteção contra a inflação e a desvalorização da moeda são os principais motivos citados pelos investidores corporativos para justificar a adoção de criptoativos.
A grande maioria mantém um perfil conservador de negociação, afirma Cunha:
“Essas empresas não chegam a movimentar nem 10% de seus ativos em suas operações. Elas estão aqui para segurar, não para negociar ativamente.”
A baixa exposição a altcoins e a pouca frequência na realização de lucros indicam que as PMEs utilizam os criptoativos como um instrumento de gestão de tesouraria, e não para fins especulativos.
Por questões de confidencialidade, Cunha não revelou o nome das empresas ou a quantidade de criptoativos que elas detêm, mas garantiu que se trata de uma tendência evidente no mercado brasileiro, alinhada a uma ampla tendência global.
Adoção institucional de criptoativos vai além das empresas de tesouraria corporativa
O movimento das PMEs revela que a adoção corporativa não se restringe apenas às empresas públicas negociadas em bolsa que mantêm tesouros em criptoativos. Para Cunha, a maior evidência disso é a diminuição na volatilidade do Bitcoin.
Mesmo empresas com um perfil conservador estão se mostrando mais seguras para alocar ao menos uma parte do seu caixa em criptoativos. Embora a Strategy, de Michael Saylor, tenha inaugurado uma nova era de investimento institucional ao fazer seu primeiro investimento em Bitcoin em 2020, e atualmente detenha mais de US$ 72 bilhões em BTC, o fenômeno ainda é recente no Brasil.
O Méliuz foi a primeira empresa brasileira a tornar-se uma ‘Bitcoin Treasury Company’ em maio deste ano. Após efetivar a compra de 10% do seu caixa em Bitcoin em março, a empresa alterou seu estatuto social para permitir formalmente investimentos no ativo digital, incluindo uma cláusula que permite “aplicações de recursos e realização de investimentos em Bitcoin e em outros títulos referenciados em Bitcoin.” Atualmente, a empresa possui 604,7 BTC, equivalentes a US$ 68,3 milhões.
Em breve, o Méliuz ganhará sua primeira concorrente direta no mercado acionário brasileiro. Liderada por Guilherme Gomes, ex-presidente da Swan Bitcoin, uma plataforma “Bitcoin only” de custódia e aquisição automatizada de BTC, e ex-Bridgewater Associates, gestora fundada por Ray Dalio, a Oranje BTC deverá ter suas ações listadas na B3 em outubro.
Com 3.600 BTC em caixa, equivalentes a US$ 400 milhões, a nova empresa chegará ao mercado como líder do segmento não apenas no Brasil, mas também na América Latina.
Apesar da chegada das ‘Bitcoin Treasury Companies’ à B3, os investidores do mercado tradicional ainda se mantêm à margem do mercado de criptoativos, segundo Cunha:
“Os figurões da Faria Lima ainda não se mexeram. Está tudo esperando para acontecer.”