Resumo da notícia:
Bitcoin pode enfrentar "armadilha de touros" ao tentar romper resistência de US$ 114.000, alerta analista.
Manutenção do suporte na região dos US$ 107.000 é fundamental para evitar quedas até os US$ 100.000.
Liquidação de US$ 5 bilhões em derivativos na semana passada pode ser positiva para retomada da alta no quarto trimestre, segundo a QR Asset.
Mesmo com perspectiva de fechar setembro no verde, a retomada da tendência de alta do Bitcoin (BTC) não está garantida, alerta Arthur Driessen, analista da Crypto Investidor.
Após consolidar perdas de 2,6% no fechamento semanal, o preço do Bitcoin abriu a semana em alta de 3,5%, tentando superar a resistência na região de US$ 114.000. Apesar do aumento da volatilidade nas duas últimas semanas, o preço se mantém estável na faixa entre US$ 108.000 e US$ 115.000 nos últimos 30 dias, sem um sinal claro de rompimento.
No boletim semanal de análise de mercado da QR Asset, Murilo Cortina, diretor de novos negócios da empresa, aponta que as recentes oscilações no preço do Bitcoin foram causadas pelo excesso de alavancagem no mercado de derivativos.
Nesse sentido, o executivo projeta que a liquidação de mais de US$ 5 bilhões na semana passada tende a ser positiva para a retomada efetiva da tendência de alta no quarto trimestre:
“No longo prazo, isso tende a fortalecer a narrativa de alta, pois é o mercado spot que efetivamente sustenta os patamares de preço. A proximidade de outubro, historicamente o melhor mês para o bitcoin, reforça ainda mais esse cenário, já que a combinação entre a limpeza da alavancagem e a sazonalidade positiva costuma preparar o terreno para novas valorizações.”
No cenário macroeconômico, a incerteza ainda prevalece, com dados mistos sobre a inflação e o mercado de trabalho nos Estados Unidos. O índice de despesas de consumo pessoal (PCE), principal indicador utilizado pelo Fed para avaliar a tendência dos preços ao consumidor, veio em linha com as expectativas do mercado, em alta de 0,3% em agosto e de 2,7% na comparação com o mesmo período no ano passado.
O mercado de trabalho, por sua vez, ainda mostra resiliência, o que em tese diminui a perspectiva de corte de juros nos EUA.
“Esse equilíbrio delicado — inflação ainda persistente, mas em desaceleração, e mercado de trabalho robusto, mas começando a arrefecer — reforça a cautela do Fed na calibragem de juros, que continua sendo o principal vetor para ativos de risco", afirma Cortina.
Ainda assim, dados da FedWatch Tool da CME indicam 89,3% de chances de um novo corte de 0,25% na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), agendada para 29 de outubro.
Fase de euforia ainda não chegou no atual ciclo de alta – e pode nem mesmo chegar
O boletim de análise semanal de mercado da Binance Research destaca que a fase de euforia que tradicionalmente marca o topo do mercado de alta ainda não ocorreu no ciclo atual:
“De acordo com o Gráfico do Arco-Íris do BTC (que se baseia em uma trajetória de crescimento logarítmico), o estágio atual do ciclo de mercado do BTC está na faixa emocional entre ‘Otimismo’ e ‘Crença’. Isso corresponde ao estágio médio-avançado de expansão do mercado de alta, no qual a maioria dos participantes já ‘acredita’ na tendência e o capital está fluindo de volta de forma mais ampla, mas ainda não surgiu uma euforia generalizada e fora de controle.”
Apesar de afirmar que ainda há espaço para alta, o relatório alerta que “o risco marginal está crescendo.” Historicamente, é nessa zona que ocorrem correções mais agressivas, entre 20% e 30%.
Os típicos sinais de topo – alavancagem extrema, prêmios generalizados on-chain/off-chain, altas indiscriminadas de ativos sem fundamentos – ainda não apareceram. E, desta vez, até mesmo podem nem aparecer, afirma a Binance Research:
“Questionamos se esse padrão cíclico se repetirá mecanicamente no ciclo atual, visto que a estrutura do mercado mudou fundamentalmente. Com o aumento da participação institucional (que era de apenas 0,9% em 2014 e subiu para 19,8% em setembro), o comportamento de perseguir ralis e vender em pânico deveria, teoricamente, diminuir.”
Com a redução da volatilidade, tanto as quedas quanto as altas tornam-se mais suaves e os antigos sinais de comportamento do mercado não devem mais ser tomados como parâmetro.
Análise do preço do Bitcoin
O impulso de alta do Bitcoin no início desta semana pode configurar uma típica “armadilha de touros", segundo Arthur Driessen. Segundo o analista, a zona de resistência entre US$ 113.500 e US$ 114.000 oferece um forte obstáculo para a retomada da tendência de alta após a correção da semana passada.
Para evitar quedas ainda mais profundas, é imperativo que o atual suporte em US$ 107.00 seja mantido. Caso contrário, Driessen projeta dois cenários possíveis.
No mais pessimista (em azul), “o Bitcoin poderia desenvolver uma onda 3 em direção à região de US$ 100.000, seguida de uma retração de onda 4 até a faixa de US$106.000, finalizando o movimento com uma onda 5 próxima aos US$ 90.000", diz o analista.
No cenário menos negativo (em vermelho), “o preço poderia estar formando um padrão ABC, finalizando a onda C próximo da região de US$ 101.000”, afirma Driessen.
Para uma retomada efetiva da alta, o Bitcoin precisa manter o suporte em US$ 107.000 e superar a resistência em US$ 117.900. Se isso ocorrer, os próximos alvos passam a ser “US$ 119.400, como topo de uma onda C, e US$ 126.600, como possível topo de uma onda 3”, conclui o analista conforme o gráfico abaixo.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, uma queda para US$ 107.000 liquidaria outros US$ 5 bilhões em criptomoedas no mercado de derivativos.
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo investimento e negociação envolve riscos, e os leitores devem conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.