A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) iniciou esta semana os testes de um protocolo de prova conhecimento zero (ZKP ou ZK, na sigla em inglês) da Microsoft, voltado à segunda fase do Drex, que é a versão brasileira de moeda digital emitida por banco central (CBDC, na sigla em inglês).

As soluções ZK são recursos utilizados na tecnologia blockchain que asseguram a veracidade das transações enquanto resguardam a privacidade e a segurança dos dados sensíveis dos agentes envolvidos. Isso porque o atendimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um dos principais desafios do Drex, ao passo que a blockchain preconiza a publicidade e rastreabilidade das transações entre as carteiras.

De acordo com a associação, o principal objetivo dos testes é verificar e validar a privacidade proporcionada pela solução de privacidade da Microsoft, assegurando que as transações realizadas na rede do Drex e nos rollups (soluções escaláveis) sejam confidenciais, acessíveis apenas por carteiras autorizadas. Entre elas estão os detalhes das transações, como montantes e destinatários, que não podem ser expostos publicamente.

Segundo a ABBC, cuja atuação no sandbox do Banco Central (BC) está focada em crédito colateralizado em títulos públicos e transações com cédulas de crédito bancários (CCBs), a solução se mostrou capaz de atender aos requisitos inerentes à privacidade e à integridade dos dados, protegendo as transações da moeda tokenizada contra acessos não autorizados e garantindo que apenas usuários com permissão possam visualizar e interagir com os dados sigilosos.

"Os testes com a solução representam um passo estratégico na consolidação de um ambiente financeiro mais seguro e confiável. A ABBC, junto aos seus parceiros, segue empenhada em contribuir para o desenvolvimento de tecnologias que garantam a integridade e a privacidade das transações no mercado financeiro, refletindo nosso compromisso com a inovação e a segurança para toda a sociedade", disse a presidente da ABBC, Sílvia Scorsato.

Na avaliação do diretor de Inovação e Serviços da ABBC, Euricion Murari, “em termos de inovação, esses testes podem representar um avanço significativo dentro do escopo do Drex no que tange às soluções de privacidade.”

“Estamos testemunhando uma das fases mais importantes na evolução do mercado financeiro", completou.

O especialista em Inovação para Serviços Financeiros na Microsoft, João Aragão, qualificou como essencial a aplicação e validação da solução ZK para o desenvolvimento do Drex.

“Essas etapas de testes nos permitem considerar os diversos cenários de utilização da moeda digital e desenhar os aspectos necessários que devem ser implementados nessa etapa de criação, garantindo as camadas de proteção necessárias para esse tipo de moeda”, comentou.

Em direção contrária, a deputada federal (PL-SC) Júlia Zanatta quer frear a CBDC por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Segundo a parlamentar,  o “Drex é controle social, centralizado e contra a liberdade do cidadão", conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.