O Banco Central do Brasil (BC), em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), anunciou nesta quarta, 04, a seleção de 13 projetos que farão parte da segunda fase de testes do Piloto Drex. Essa fase é crucial para o desenvolvimento da moeda digital do Brasil, que deverá ser lançada ao público até 2026.

Dos 42 casos de uso propostos, 13 projetos foram escolhidos com foco na implementação de contratos inteligentes. Os testes desta segunda fase vão avaliar também a escalabilidade da solução tecnológica e a privacidade dos dados, que têm sido pontos críticos, especialmente devido aos desafios de compatibilidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A CVM terá um papel importante nessa fase, já que parte dos ativos envolvidos são regulados por ela, como instrumentos do mercado de capitais.

A expectativa é que os testes continuem até o primeiro semestre de 2025, com o lançamento de uma nova fase de testes para o Drex, com o público, planejado para o público após essa fase. O objetivo é garantir que todas as funcionalidades e questões de privacidade estejam em conformidade antes da implementação em larga escala.

O Piloto Drex conta atualmente com a participação de 16 consórcios ou empresas, identificados a seguir, diretamente engajados nos testes e no desenvolvimento dos recursos necessários à operação da plataforma.

  • ABBC: Banco Brasileiro de Crédito, Banco Ribeirão Preto, Banco Original, Banco ABC Brasil, Banco BS2 e Banco Seguro, ABBC, BBChain, Microsoft e BIP;
  • ABC: Banco ABC, Hamsa, LoopiPay e Microsoft;
  • B3: Banco B3, B3 e B3 Digitas;
  • BB: Banco do Brasil;
  • Bradesco: Bradesco, Nuclea e Setl;
  • BTG: Banco BTG;
  • BV: Banco BV;
  • Caixa: Caixa, Elo e Microsoft;
  • Inter: Banco Inter, Microsoft e 7Comm;
  • Itaú: Itaú Unibanco;
  • MB: MBPay, Cerc, Sinqia, Mastercard e Banco Genial;
  • Nubank: NuBank;
  • Santander: Santander, Santander Asset Management, F1RST e Toro CTVM;
  • SFCoop: Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred;
  • TecBan: Basa, TecBan, Pinbank, Dinamo, Cresol, Banco Arbi, Ntokens, Clear Sale, Foxbit, CPqD, AWS e Parfin; e
  • XP-Visa: XP e Visa.

 João Gianvecchio - Head de digital assets do banco BV, destacou ao Cointelegraph que a fase 2 do DREX representa um forte avanço na jornada de aprendizado e adoção do mercado quanto a ativos digitais em seus modelos de negócios já existentes e eventualmente em até novos produtos.

"O BV enquanto líder de mercado e financiamento de veículos usados há mais de 11 anos, não poderia deixar de liderar essa temática junto aqui ao mercado. Em conjunto com o B3, o Banco BV busca agora na segunda fase do DREX entender e testar na prática como que a jornada de financiamento veicular poderá se beneficiar dos atributos da tokenização, sanando diversos desafios típicos como a liquidação financeira, tempestividade operacional e outros tipos de burocracias diversas", disse.

Drex: a seleção dos temas

Considerada a superposição de escopo nas propostas apresentadas, o Comitê Executivo de Gestão (CEG) do Piloto Drex decidiu por agregar os casos de uso em 13 temas, listados a seguir, sendo que 11 desses temas caem na competência do BCB e os outros 2 na competência da CVM. 

Temas e consórcios participantes

  1. Cessão de recebível: ABC e Inter
  2. Crédito colateralizado em CDB: BB, Bradesco e Itaú
  3. Crédito colateralizado em títulos públicos: ABBC, ABC e MB
  4. Financiamento de operações de comércio internacional (Trade Finance): Inter
  5. Otimização do mercado de câmbio: XP-Visa e NuBank
  6. Piscina de liquidez para negociação de títulos públicos: ABC, Inter e MB 
  7. Transações com Cédulas de Crédito Bancário: ABBC
  8. Transações com ativos do agronegócio (CVM): TecBan, MB e XP-Visa
  9. Transações com ativos em redes públicas: MB
  10. Transações com automóveis: B3, BV e Santander
  11. Transações com créditos e descarbonização - CBIO: Santander
  12. Transações com debêntures (CVM): B3, BTG e Santander
  13. Transações com imóveis: BB, Caixa e SFCoop

Segundo Fabio Araújo, coordenador do Drex junto ao BC, ainda em setembro haverá uma chamada pública para que empresas que ainda não estão participando desta segunda fase possam trazer seus casos de uso e começar a implementação em 2025.

Araújo também destacou que 2025 será o próximo checkpoint do Drex no qual os objetivos estabelecidos serão avaliados, "o mais importante é garantir que atingimos os marcos necessários no processo, como privacidade, segurança e estabilidade, antes de avançar para a incorporação da população", afirmou.

"Se conseguirmos alcançar esses marcos, poderemos iniciar testes com a população, observando como ela reage à nova tecnologia. Quando o PIX foi lançado, surgiram muitos usos que não imaginávamos, e o mesmo pode acontecer com o DREX, especialmente com algo que impacta tão profundamente a infraestrutura do sistema financeiro.", afirmou.