Em um painel sobre tokenização e plataformas programáveis, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, destacou o grande potencial do Drex, a moeda digital do Banco Central, durante as reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington, Estados Unidos.

O evento, realizado nesta terça-feira (22), reuniu líderes de instituições financeiras globais para discutir o futuro das economias e a integração de novas tecnologias no setor financeiro.

Campos Neto afirmou que o cruzamento entre a tokenização (e os tokens RWA) e o open finance ainda é subestimado e pode oferecer mais oportunidades do que o mercado atualmente reconhece.

Segundo o presidente do BC, o futuro das finanças passa pela criação de um ambiente integrado, onde a tokenização e os pagamentos instantâneos convivem em um mesmo espaço, permitindo uma transformação profunda na maneira como as pessoas e instituições interagem com o dinheiro.

O presidente do BC destacou que o Drex surge como peça-chave nesse cenário, oferecendo mais eficiência e produtividade no gerenciamento de riscos, garantias e funding pelos bancos. Campos Neto ressaltou que os tokens serão fundamentais para o novo modelo de balanço dos bancos, substituindo gradualmente o sistema atual baseado em contas tradicionais.

Com isso, segundo ele, os bancos terão uma ferramenta poderosa para aumentar sua capacidade de gestão e automação financeira.

O open finance também foi tema de destaque na fala do presidente do Banco Central. Ele defendeu a importância de um agregador de serviços financeiros, que poderia conectar os usuários ao Pix, Drex e outros produtos bancários em uma plataforma de marketplace. Esse conceito, segundo ele, aceleraria a adoção de novos produtos e serviços digitais, fortalecendo o sistema financeiro brasileiro e aumentando a competitividade global.

Nova presidência do BC

Embora Campos Neto venha defendendo o potencial do Drex, caberá ao novo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, o andamento e possível lançamento da CBDC nacional. em conversa com o Cointelegraph, Denise Cinelli, COO da CryptoMKT, expressou otimismo em relação ao mandato do novo presidente do BC, esperando que ele traga mudanças que garantam um ambiente competitivo saudável.

Atualmente, muitos bancos no Brasil fecham contas de corretoras de criptomoedas sem aviso prévio, alegando “desinteresse comercial”, ou até mesmo recusam a abertura de novas contas para essas empresas. Para a COO, tais ações minam o potencial do setor e reforçam a necessidade de uma regulação que ofereça um campo de jogo equilibrado.

A preocupação de Cinelli aumenta à medida que grandes bancos como Nubank, Mercado Pago e Itaú começam a disponibilizar serviços de compra e venda de criptomoedas em suas plataformas, utilizando sua posição de mercado para abafar a concorrência das corretoras independentes.

"Isso configura uma concorrência desleal, onde as instituições financeiras estão se aproveitando de sua influência para dominar o setor", afirma.

Esse tipo de comportamento não é exclusivo do Brasil. Em 2018, a CryptoMKT no Chile enfrentou uma situação semelhante, quando suas contas foram encerradas pelos bancos Scotiabank e Banco Estado.

Cinelli também manifestou esperança de que a gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central traga uma nova visão para o setor de criptomoedas no Brasil, promovendo um ambiente mais inclusivo e inovador.

"Esperamos construir um mercado financeiro onde a inovação seja incentivada e a concorrência seja justa, permitindo o crescimento sustentável de todos os atores do ecossistema", finaliza a executiva.