Sob forte pressão vendedora no início da tarde desta quinta-feira (3), o Bitcoin era transacionado em torno de US$ 81,6 mil (-5,5%). O derretimento ocorria no clima de incertezas macroeconômicas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor tarifas alfandegárias recíprocas a diversos países. Na avaliação de especialistas brasileiros, o possível início de uma guerra comercial global pode arrastar os investidores nacionais para as criptomoedas, favorecer o BTC como reserva de valor e, por outro lato, intensificar a atuação de órgãos reguladores.
Na avaliação do CEO fintech brasileira focada em criptomoedas DefiBank, Leandro Baccari, “a decisão de Trump acende um alerta para o Brasil, principalmente em setores que exportam para os EUA, mas o reflexo no mercado cripto pode ser ainda mais relevante”.
“Com incertezas globais, cresce a busca por ativos descentralizados e livres de políticas governamentais. O Bitcoin, projetos com base em stablecoins e tokens RWA [ativos do mundo real] tendem a se fortalecer nesse cenário. Ainda que decisões como essas acabem gerando volatilidade no mercado, contribui ainda mais com a adoção de criptomoedas”, destacou.
Karoline Hoffmann, advogada especializada em Processo Civil, Regulação e Novas Tecnologias e Direito Digital, acredita que o possível cenário de guerra comercial e desaceleração econômica pode favorecer a adoção do Bitcoin como reserva de valor, principalmente em países com economia mais fragilizada, com os da América Latina.
“O Brasil, que já tem um volume significativo de P2P [peer-to-peer] em criptomoedas, pode ver um aumento no uso para proteção contra volatilidade cambial”, explicou.
A sócia na empresa de cursos de Direito Digital Aplicado acrescentou que, em caso de fuga de capitais para o mercado de criptomoedas, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central (BC) podem intensificar a fiscalização sobre exchanges e transações, visando coibir eventuais casos lavagem de dinheiro ou evasão fiscal.
Ela disse ainda que projetos como o Drex, a versão nacional de moeda digital emitida por banco central (CBDC, na sigla em inglês), podem ganhar urgência e aconselhou os investidores de criptomoedas ajustarem suas estratégias de hedge diante do cenário de incertezas.
“Exchanges e projetos de blockchain no Brasil devem se prepararem para possíveis mudanças regulatórias. O governo brasileiro precisa avaliar medidas para evitar isolamento comercial, mitigando riscos para a economia e o mercado de criptomoedas”, opinou.
Karim Kramel, advogada especialista em direito compliance e direito digital, destacou a volatilidade do Bitcoin após o anúncio das tarifas por Trump, já que a criptomoeda ainda é associada ao risco. O que, para a sócia da plataforma de Cursos de Direito Digital Aplicado (DDA), “revela a sensibilidade do mercado cripto diante de eventos macroeconômicos e decisões políticas que afetam a economia global”.
“No curto prazo, o aumento das tarifas tende a gerar uma desaceleração econômica e maior aversão ao risco, o que pode reduzir a demanda por ativos voláteis como as criptomoedas”, completou.
Em meio às incertezas, especialistas apontam que as baleias e o S&P 500 estão prestes a tombar o Ethereum em até 90% contra o Bitcoin, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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