A Polícia Federal (PF) anunciou na última semana o encerramento do processo investigativo relativo à Operação Poyais, que apura os danos causados por uma quadrilha acusada de promover um esquema de fraude financeira no Brasil e no exterior que pode ter causado um prejuízo de até R$ 1,15 bilhão aos clientes por meio da empresa Rental Coins, que se apresentava com uma exchange de criptomoedas e que prometia lucros mensais de 13,5% sobre o valor aportado.
Segundo a PF, os documentos encontrados durante a investigação apontam que o dano causado pela organização é de R$ 583,9 milhões, podendo chegar a R$ 1,15 bilhão. O que rendeu ao suspeito de ser o chefe do grupo, Francisley Silva, o Sheik dos Bitcoins, o indiciamento pelos crimes de constituição de organização criminosa, estelionato, obtenção de ganhos ilícitos em detrimento de número indeterminado de pessoas mediante processos fraudulentos, lavagem internacional de dinheiro e oferecimento de valores mobiliários sem registro prévio junto à autoridade competente. Ele está preso preventivamente desde o começo de novembro por descumprir medidas cautelares.
Além de Francis, como o Sheik também é conhecido, outras cinco pessoas também foram indiciadas após a conclusão das análises dos materiais obtidos pela PF, exame de equipamentos eletrônicos, documentos obtidos com os investigados, oitivas de testemunhas, ex-funcionários, vítimas e pessoas com informações relevantes à apuração, além dos próprios investigados, que, segundo a PF, também tiveram a oportunidade de apresentarem suas versões.
A apuração feita pela PF apontou a existência de uma organização criminosa que agia de forma estruturada no Brasil e no exterior, com divisão de tarefas, para a prática de fraudes mediante diversas plataformas virtuais e empresas relacionadas a criptoativos.
A PF informou ainda que a investigação conseguiu comprovar que nunca houve rentabilização dos recursos das vítimas e que “tão logo os valores ingressavam nas contas e carteiras de criptoativos do grupo criminoso, deles imediatamente se apropriavam os indiciados, utilizando um pequeno percentual dos recursos para pagamento mensal das vítimas e gastando o restante conforme seus interesses particulares.”
O processo investigativo foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que poderá oferecer denúncia para o início de um processo penal contra os suspeitos. Já a PF acrescentou que realizará outros procedimentos internos para encaminhar os bens apreendidos à Justiça.
No final de outubro, pouco antes de ser preso, o Sheik dos Bitcoins culpou o Bitcoin pelo calote e disse que não tinha dinheiro para pagar os clientes, além de revelar que suas “barras de ouro” era de latão. Dias antes, a Justiça decretou a falência da Rental Coins em uma decisão que ressaltava o "vida nababesca" de Francis, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
LEIA MAIS:
- Lei de criptomoedas da Turquia está pronta para o parlamento, diz o vice-ministro das Finanças
- Exchanges descentralizadas do Ethereum ultrapassam US$ 3 bilhões em volume de negociação em 2020
- Rede Nervos (CKB), projeto integrado com blockchain da China, ganha 341% conforme avança em DeFi e desenvolvimento de segunda camada