Pelo menos dez pessoas da Itália estariam entre os investidores lesados pela Rental Coins, empresa que se apresenta como exchange de criptomoedas e que é investigada pela Polícia Federal do Paraná por suspeita de crime contra o sistema financeiro nacional. De acordo com uma publicação do jornal O Globo, a empresa de Francisley da Silva, o “Sheik dos Bitcoins”, que também é alvo das investigações, teria dado um calote de mais de 2 milhões de euros em duas vítimas de Milão. 

Uma das vítimas seria o engenheiro aposentado Giorgio Cambiaghi, de 73 anos, que afirma ter perdido a economia de uma vida inteira ao investir 2,1 milhões de euros, quase R$ 11,5 milhões pela cotação da moeda na ocasião da publicação, na Rental Coins, que prometia rendimentos fixos mensais de até 13,5% sobre o valor investido, com base na alocação de criptomoedas. A outra vítima seria a comerciária Amina Barosi, de 50 anos, que afirma ter perdido 170 mil euros, quase R$ 930 mil. 

Giorgio e Amina afirmaram que foram convencidos a investirem na Rental Coins por um amigo, cuja identidade eles preferiram manter em sigilo. Após verificarem que a empresa possuía uma sede em Londres, eles acreditaram que as operações de Francis, como o Sheik do Bitcoins também é chamado, eram internacionais e, por isso, eram de confiança. O que possivelmente também motivou as mais de 10 pessoas vítimas da Renta Coins, número que, segundo eles, representa o grupo de italianos prejudicados pela empresa do brasileiro. 

O italiano afirmou que investiu um total de 803 mil euros, divididos em dois depósitos feitos em abril e julho do ano passado, e que não efetuou nenhuma retirada acreditando no aumento de seu patrimônio, que estaria em torno de 2,1 milhões de euros atualmente, considerando a promessa de 13,5% de rendimento mensal feita pela Rental Coins. 

Herdeiro de uma indústria mecânica, o idoso disse que está aposentado há três anos e que pensou que seria um bom investimento por causa da referência do escritório da empresa em Londres e que nunca imaginou que se tratava de pirâmide financeira. “Investi tudo isso porque vendi uma casa minha. Podia estar muito bem”, disse o italiano acrescentando que pretendia fazer um trabalho social com o desejado retorno e que, hoje, sente vergonha. 

Trabalhadora de docerias e pâtisserie em Milão, Amina disse que investiu recursos pessoais em junho de 2021, o que incluiu aportes provenientes da venda de uma casa que ela havia recebido de herança. Ela disse ainda que seus planos eram de investir os ganhos para bancar um curso universitário para filha dela e que, se sobrasse dinheiro, investiria em seu sonho pessoal de se dedicar às artes. “Meu gerente me alertou sobre os riscos. Ameaçou chamar os meus familiares e fechou a minha conta. Me arrependo de não ter ouvido.”

Outra italiana ouvida pela reportagem, que preferiu não se identificar, disse que o grupo errou ao não consultar um advogado na ocasião de firmarem o contrato com a Rental Coins. 

No Brasil, parte do grupo constituiu o advogado Jeferson Brandão para representarem contra Francis judicialmente. Ao jornal O Globo, o dono da Rental Coins negou ter montado uma pirâmide e disse que vai ressarcir os clientes com o início dos pagamentos em outubro. Ele ainda negou que tenha planos de fugir do país, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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