Embora tenha sentido o efeito da tensão do mercado durante os dias que antecederam o anúncio do índice de preços ao consumidor (IPC) dos Estados Unidos na última quinta-feira (13), quando a projeção para a inflação superou as expectativas mais pessimistas dos analistas e imprimiu 9,1% para o IPC, o Bitcoin (BTC), que chegou a afundar abaixo dos US$ 19 mil, voltou a ser o centro de outro debate, relacionado à possibilidade de a criptomoeda poder ser ou não considerada uma reserva de valor. 

Negociado pouco acima dos US$ 19,7 mil e com baixa de pouco menos de 1% na manhã desta quinta-feira (14) segundo o mapeamento do CoinMarketCap, o Bitcoin, além da divisão de opiniões relacionadas a possíveis baixas, ou reversão, no curto prazo, o Bitcoin despertou o entusiasmo daqueles que enxergam a criptomoeda como reserva de valor e, consequentemente, um porto seguro diante da inflação e da recessão, que batem à porta de um mundo instável e temeroso. 

Para Rafael Schultze-Kraft, cofundador da plataforma de análise Glassnode, de acordo com uma publicação de março no Twitter, o BTC está se consolidando como uma ferramenta de proteção, já que a inflação sobre a criptomoeda foi de 1,7%, percentual que representa pouco menos de 18,7% em relação aos 9,1% esperados para a maior economia mundial.

Na prática, o impacto da inflação sobre o BTC é aproximadamente cinco vezes menor do que o efeito da alta dos preços sobre o dólar americano, uma vez que a medição está relacionada com base nos Bitcoins minerados e a partir de algoritmo deflacionário, efeito que pode resultar em alta do BTC.

No mesmo sentido foi o CEO da MicroStrategy, Michael Saylor, um acumulador declarado de Bitcoin. No Twitter, ele voltou a exaltar o Bitcoin diante do anúncio da inflação nos Estados Unidos.

“A inflação anual em USD CPI é +9,1%, outras moedas continuam a enfraquecer em relação ao dólar: YoY USDAUD é +10%, USDGBP é +16%, USDEUR é +17%, USDJPY é +24%, USDTRY é +102%. É apenas uma questão de tempo até que o mundo descubra 1 BTC = 1 BTC”, argumentou.

Outros analistas se mostram mais comedidos. Conforme publicou o Money Times, o sócio-fundador da casa de análise Mercurius Crypto Orlando Telles está no campo dos que acreditam que o Bitcoin ainda possui uma correlação muito grande com as gigantes tecnológicas sediadas nos Estados Unidos. Para ele, a narrativa que ainda impera é a de que as criptomoedas são ativos de tecnologia, de alta volatilidade e preço além de que o mercado tradicional ainda estuda o mercado cripto para buscar um potencial de lucro. 

O gestor de portfólio da Hashdex João Marco Cunha acrescentou que o Bitcoin tem potencial para se tornar reserva de valor, mas reforçou a necessidade de adoção e crença por parte dos players do mercado. Posicionamento que foi complementado pelo analista da exchange de criptomoedas brasileira Mercado Bitcoin (MB) Humberto Andrade, que defendeu a institucionalização do mercado cripto e regulamentação do setor, para que as instituições consigam utilizar todos os mecanismos do mercado  cripto.

Apesar de ainda não ser unanimidade em relação à proteção contra a inflação, os analistas afirmam que o Bitcoin pode oferecer diferentes formas de blindagem em relação à alta dos preços, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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