Dados do final de abril, do último boletim mensal da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, revelaram que os Exchange Traded Funds (ETFs) de criptomoedas acumulavam perdas entre 10% e 68%, embora os números indicassem a manutenção de cotistas, apesar dos efeitos negativos dos fatores macroeconômicos nos mercados financeiros que, na avaliação de representantes de gestoras, tendem a ser mais sentidos pelos ativos digitais por causa da tendência dos investidores de buscarem ativos considerados mais estáveis. 

O  HASH11, um fundo de índice em criptomoeda que replica o desempenho de ativos do índice Nasdaq Crypto Index (NCI), era negociado no mercado brasileiro com 149.438 cotistas. O que representa um salto de quase 430% em relação aos 28.358 cotistas do primeiro dia de negociação, 26 de abril de 2021. 

Administrado pela gestora Hashdex, o HASH11 quase duplicou seu volume ao passar de R$ 1 bilhão para R$ 1,98 bilhão em um intervalo de um ano. Por outro lado, o criptoativo acumulava uma perda de 51,13% desde a sua listagem. O que não é um caso isolado de acordo com um levantamento da Coindinheiro apontando perdas que variam entre 10% e 68% nos ETFs listados na B3. Foi o caso do QDFI11, primeiro ETH 100% investido em finanças descentralizadas (DeFi)do mundo. O criptoativo, lançado pela QR Asset Management e que acompanha Bloomberg Galaxy DeFi Index, fechou em baixa de 68,11%. 

A queda dos ETFs levou algumas gestoras a emitirem comunicado aos investidores, segundo revelou o Infomoney. A Hashdex, por exemplo, gestora de 77% do mercado de ETFs da B3, em carta assinada pelo head de research Carlos Eduardo Gomes e o pelo gestor João Marco Cunha explicaram os fatores responsáveis pela queda acentuada. Entre os fatores elencados estão a guerra entre a Rússia a e Ucrânia, o aumento de juros por parte de bancos centrais e a restrição mundial nas cadeias de suprimentos. 

Ao argumentar o aumento da correlação dos ETFs com os mercados tradicionais a partir do início da pandemia e que a correção mais elevada dos criptoativos é algo natural, Eduardo Gomes disse que:

Esse cenário pode levar, momentaneamente, a uma redução da exposição a ativos de risco em busca de ativos considerados mais seguros. Esse fenômeno pode estar sendo potencializado pela entrada de mais investidores institucionais no mercado de criptoativos.

A Hashdex também pontuou o colapso da rede blockchain Terra (LUNA), que perdeu quase 100% de seu valor de mercado, como outro fator negativo para o mercado de criptoativos. 

A gestora QR Asset também enviou comunicado aos cotistas dizendo que eles precisam ficar atentos para a diferença de qualidade dos ETFs e os incentivos de cada projeto. 

No caso do projeto Terra/Luna a máxima ‘não existe almoço grátis’ se mostrou verdadeira e o projeto colapsou. Hoje temos um cenário de contágio no mercado, então podemos esperar muita volatilidade até encontrarmos um novo ponto de equilíbrio. Investidores com horizontes de longo prazo podem se aproveitar dos preços deprimidos para conseguir bons pontos de entrada”, afirmou o o diretor de investimentos, Alexandre Ludolf.

Ao Infomoney,  Ludolf acrescentou que o movimento de pouco resgate reflete o amadurecimento da indústria de ETFs e criptomoedas. Posicionamento semelhante ao da chefe de expansão na Hashdex, Roberta Antunes: 
Não acho que o que vai trazer as pessoas para o mercado de criptomoedas seja o seu momento ou as variações macro, e, sim, a educação sobre a tecnologia, argumentou.  

Terceiro país a oferecer exposição ao Bitcoin por meio de fundos de índice, o Brasil vive uma realidade distinta ao dos Estados Unidos, onde a Comissão de Valores Mobiliários segue vetando iniciativas similares, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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