A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (27) a Operação Brianski, que tem o objetivo de combater associação criminosa envolvendo brasileiros e russos pelo suposto crime de lavagem de dinheiro com recursos oriundos de delitos cometidos no exterior e mediante o uso de criptomoedas, em um volume estimado de R$ 40 milhões.  

Os agentes envolvidos na operação cumprem dez mandados de busca e apreensão, sendo seis em Florianópolis (SC), dois em Goiânia (GO) e outros dois em Eusébio (CE), região metropolitana de Fortaleza.

Segundo a PF, em relação aos quatro principais investigados, foram decretadas medidas como monitoramento eletrônico, proibição de deixar o país e de transacionar criptomoedas.

A Justiça também determinou o sequestro de bens, tais como casas e apartamentos de alto padrão, terrenos e automóveis de luxo adquiridos pelos investigados no Brasil. Além disso, ainda foram decretados os bloqueios de contas bancárias vinculadas a 25 pessoas físicas e jurídicas e contas em exchanges, visando sequestro de valores em moeda nacional e de criptomoedas.

De acordo com a PF, as investigações tiveram início com a informação de que cidadãos russos teriam fixado residência em Florianópolis para usufruir de recursos oriundos de crimes supostamente praticados no país de origem. Durante as apurações, os policiais descobriram que os principais investigados foram condenados na Rússia por crimes assemelhados a fraude e tentativa de roubo.

Após conseguirem se radicar no Brasil, os suspeitos passaram a integrar quadros societários de empresas, bem como a adquirir bens móveis e imóveis, alguns deles por meio de vultosos pagamentos em espécie.

A PF ainda descobriu que a integralização dos recursos oriundos da lavagem de capitais foi operacionalizada por brasileiros que se utilizaram de empresas sediadas no estado de Goiás. As movimentações financeiras realizadas pelos investigados e pela intermediadora brasileira tinham origem em transações de criptomoedas.

A partir de contas em exchanges, segundo a PF, as criptomoedas eram recebidas e convertidas em real para posteriormente serem transferidos para as contas dos investigados estrangeiros no Brasil, de seus familiares e de suas empresas; bem como para a compra de bens imóveis de alto padrão e de automóveis de luxo, alguns deles registrados em nome de terceiros.

Operação Fast

A PF também deflagrou nesta terça-feira a Operação Fast, com a finalidade de combater uma associação criminosa que atua em projetos fraudulentos relacionados à criação de criptomoedas e tokens não fungíveis (NFTs). Nessa ação, estão sendo cumpridos dois mandados de prisão e seis mandados de busca e apreensão nos municípios de Itajaí (SC), Balneário Camboriú (SC), Curitiba e Londrina (PR). Também estão sendo executadas medidas de sequestros e bloqueios de bens de cinco pessoas e três empresas.

Segundo a PF, a organização criminosa, baseada em Balneário Camboriú, desenvolveu diversos projetos interligados, pelos quais os investidores adquiriam uma criptomoeda criada pelo grupo com suposto valor vinculado a supostas parcerias com empresas, prometendo altos lucros por meio de corretoras de criptomoedas. O lançamento foi promovido em uma feira de criptoativos em Dubai (Emirados Árabes Unidos).

Posteriormente, a organização também passou a atuar na comercialização de franquias de mobilidade urbana, o que continua sendo divulgado pelos integrantes. Foram identificadas aproximadamente 22 mil vítimas no Brasil e no exterior e perdas no valor aproximado de R$ 100 milhões.

A investigação foi iniciada após análise de denúncias recebidas pelo canal oficial da Polícia Federal em Itajaí para tratamento de informações sobre pirâmides financeiras. Os integrantes do grupo responderão pela prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, associação criminosa e lavagem de dinheiro, cujas penas máximas totais previstas podem chegar a 28 anos de reclusão.

O crime de lavagem de dinheiro, que prevê pena de até dez anos de reclusão e multa,  é objeto de outra frente de investigação da PF no país, supostamente a utilização da stablecoin lastreada ao dólar americano Tether (USDT) por doleiros e pessoas que atuando como vendedores em balcões peer-to-peer (P2P) de criptomoedas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.