O Méliuz S.A. (CASH3) protocolou na Comissão de Valores Mobiliários um pedido de registro de oferta pública primária de ações ordinárias, visando a captação de R$ 150 milhões para investimento em Bitcoin (BTC).
Segundo o comunicado direcionado ao mercado, o Méliuz pretende destinar os recursos líquidos provenientes da oferta "integralmente para a realização de aquisições de Bitcoin, buscando um retorno de longo prazo no referido ativo, de forma a consolidar o Bitcoin como principal ativo estratégico da tesouraria da Companhia."
Com base no preço da CASH3 no fechamento do pregão em 29 de maio, de R$ 8,82, inicialmente serão ofertadas 17 milhões de ações. A oferta será estruturada pelo BTG Pactual, que possui participação societária na empresa, e poderá ser expandida em até 200%, totalizando 51.020.409 ações, equivalentes a R$ 450 milhões.
A oferta será realizada sob o rito de registro automático de distribuição, destinada exclusivamente a investidores profissionais.
Os acionistas titulares de ações em 3 de junho de 2025 terão direito de prioridade para subscrição, na proporção de suas participações em 9 de junho de 2025. O período para exercício deste direito será de 4 a 10 de junho de 2025, com possibilidade de cessão total ou parcial dos direitos de prioridade a outros acionistas.
A empresa anunciou também que vai conceder 50,68 milhões de bônus de subscrição (podendo chegar a 152.040.815 com as ações adicionais) aos investidores que aderirem à oferta, cada um com preço de exercício e período de vencimento específicos.
Divididos em dez séries, os bônus de subscrição preveem preços de exercício que variam de R$ 11,19 (primeira série, com vencimento em 1º de agosto de 2025) a R$ 34,55 (décima e última série, com vencimento em 2 de outubro de 2026).
A fixação do preço por ação e o registro da oferta na CVM serão realizados em 12 de junho, e as negociações terão início quatro dias depois, com a liquidação prevista para 17 de junho.
Em 20 de junho haverá uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para deliberar sobre o novo limite de capital autorizado.
O comunicado ressalta que o investimento na CASH3 não está isento de riscos, por se tratar de um ativo de renda variável.
A empresa informou que não pretende adotar mecanismos de estabilização do preço das ações após a realização da oferta. Também não serão impostas restrições à venda das ações (lock-up) aos acionistas de referência e administradores da empresa.
Ambos os fatores podem contribuir para um aumento significativo da volatilidade da CASH3 no mercado secundário. Além disso, acionistas que não tomarem parte na oferta prioritária ou subscreverem menos ações que seu limite sofrerão diluição societária.
Por fim, o Méliuz informa que a oferta não admite distribuição parcial. Caso não haja demanda para a subscrição da totalidade das ações inicialmente ofertadas, a oferta será cancelada.
Imediatamente após a divulgação da oferta, as ações do Méliuz despencaram na B3. Em baixa de 5,6% nas últimas 24 horas, a CASH3 está cotada a R$ 8,34. Apesar da volatilidade momentânea, as ações da empresa acumulam ganhos de 209% em 2025, de acordo com dados do Google Finance.
A “Estratégia Bitcoin” do Méliuz
O Méliuz formalizou a alteração de seu objeto social para permitir a realização de investimentos em Bitcoin como parte de sua estratégia de negócios em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada em 15 de maio, tornando-se oficialmente a primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil.
Com a mudança em seu modelo de negócios, a empresa passa a ter o objetivo expresso de acumular Bitcoin em benefício dos acionistas, utilizando seu caixa, estruturas corporativas e instrumentos do mercado de capitais, para ampliar sua exposição ao ativo ao longo do tempo.
“Mais do que apenas alocar parte do caixa em Bitcoin como proteção contra a inflação ou desvalorização cambial, a Companhia reposiciona seu propósito para atuar maximizando a quantidade de Bitcoin por ação", declarou a empresa em comunicado oficial na ocasião.
O primeiro ato sob o novo modelo de negócios foi um investimento de US$ 28,4 milhões na compra de 274,52 BTC, a um preço médio de US$ 103.604,07, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.
Somando-se ao aporte inicial de 45,72 BTC realizado em março deste ano, o caixa do Méliuz em Bitcoin totaliza 320,25 BTC. O preço médio do investimento é de US$ 101.575, com um lucro não realizado de 3,5%, de acordo com dados do site Bitcoin Treasuries.