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Membro do governo Lula propõe taxação de remessas internacionais de criptomoedas para aliviar aumento do IOF

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, sugeriu elevar a tributação de remessas internacionais de criptomoedas como uma medida alternativa ao aumento do IOF anunciado pelo governo na semana passada.

Membro do governo Lula propõe taxação de remessas internacionais de criptomoedas para aliviar aumento do IOF
Brasil

O decreto do Ministério da Fazenda que elevou a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações de crédito e câmbio pode resultar em um efeito colateral adicional sobre o mercado de criptomoedas.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, sugeriu elevar a tributação sobre remessas de criptomoedas para o exterior, conforme informou Lauro Jardim em nota publicada no jornal O Globo.

Segundo Mercadante, a medida criaria uma fonte de arrecadação alternativa, abrindo espaço para a redução do IOF em operações de outra natureza.

O decreto anunciado pelo governo em 22 de maio elevou a taxa incidente sobre operações de crédito de 1,88% para 3,95% ao ano, igualando a alíquota de pessoas físicas e jurídicas. As novas regras também unificaram as alíquotas de câmbio em 3,5% para cartões de crédito, débito internacional, pré-pagos, cheques-viagem, compra de moeda estrangeira em espécie e remessas para contas de contribuintes brasileiros no exterior.

Impacto do aumento do IOF no mercado cripto

Conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil, a alta no IOF pode impactar as operações de empresas que oferecem serviços de negociação de criptomoedas, especialmente aquelas que operam com serviços de cripto-as-a-service (que usam infraestrutura de terceiros e importam criptomoedas do exterior para oferecer aos clientes locais).

Com isso, é natural que os custos sejam repassados aos investidores. O Nubank foi a primeira empresa a anunciar a elevação nas taxas para compra e venda de criptomoedas em sua plataforma, atribuindo a alteração diretamente ao decreto governamental que elevou o IOF.

Além disso, as regras propostas pelo Banco Central (BC) na Consulta Pública 111/2024 – que visa enquadrar stablecoins lastreadas em moedas estrangeiras sob as regras do mercado de câmbio – submeteriam a transmissão de ativos digitais para o exterior às novas alíquotas do IOF.

Ao apresentar a proposta de tributação sobre criptomoedas, Mercadante não ofereceu detalhes sobre o percentual a ser cobrado nem exatamente que tipos de transações seriam tributadas, justificando que ainda não existem estudos detalhados sobre o tema.

Anteriormente, em um evento na sede do BNDES que contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Mercadante defendeu o decreto e afirmou que é preciso apresentar alternativas ao aumento do IOF.

Na ocasião, o presidente do BNDES sugeriu o aumento dos tributos sobre as apostas online (bets), conforme reportagem da Agência Brasil:

“O ministro Haddad tem que entregar o orçamento fiscal. É responsabilidade dele. Então, temos que dizer qual é a alternativa. Eu faço uma sugestão pública aqui: vamos aumentar os impostos das bets, que estão corroendo as finanças populares. A gente poderia, com isso, diminuir, por exemplo, o impacto do IOF e criar alternativas.”

Mercadante afirmou que o aumento do IOF, aliado à estabilização do preço do dólar, vai permitir que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, a Selic, de forma “segura, progressiva e sustentável.”

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, o aumento do IOF causou preocupação adicional às entidades do mercado brasileiro de criptomoedas , no que diz respeito à regulação a ser implementada pelo BC até o final deste ano.

Em um evento no Rio de Janeiro na segunda-feira, 26 de maio, Thiago Sarandy, diretor de Assuntos Jurídicos e Regulatórios do Brasil e de El Salvador da Binance, alertou sobre a possibilidade de criação de novos impostos sobre transações de criptomoedas que configurem operações de câmbio:

"Na nossa interpretação, há um risco que não é baixo, que com uma simples canetada o book global seja tributado com IOF sob as regras do mercado de câmbio."