Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, revelou que o banco planeja lançar em breve um "super app" para oferecer aos clientes "uma experiência bancária completa em um único contexto, utilizando dados e IA para oferecer mais soluções adequadas às suas necessidades."

Em um painel na conferência Bloomberg New Economy at B20 na última quarta-feira, 23 de outubro, Maluhy e David Vélez, CEO do Nubank, debateram os impactos da adoção de tecnologias emergentes como inteligência artificial (IA) e contratos inteligentes na transformação digital do setor financeiro.

O lançamento do novo aplicativo faz parte da estratégia de investimento na transformação digital do Itaú, implementada há seis anos em resposta à concorrência das fintechs, afirmou o executivo:

 "Hoje, temos 70% dos nossos sistemas ligados na nuvem e podemos concorrer com qualquer empresa digital."

Os bancos digitais promoveram a inclusão financeira de milhões de brasileiros, simplificando o processo de abertura de contas e ampliando as opções de investimentos para uma fatia ampla da população.

No entanto, as oportunidades ainda são muito desiguais no sistema financeiro, ressaltou Vélez, líder da revolução inaugurada pelo Nubank no setor bancário brasileiro.

Segundo o CEO do Nubank, não basta que todos carreguem um banco no bolso; é preciso oferecer um aconselhamento financeiro personalizado para atender às demandas e necessidades individuais dos clientes:

"Achamos que a próxima fase da inclusão financeira será colocar um banqueiro no bolso dos nossos clientes. Estamos falando de consultoria financeira para cada pessoa, e não apenas para os 1% mais ricos, que têm acesso aos melhores produtos e serviços. Hoje, a base da pirâmide não tem acesso a isso."

Maluhy avançou na mesma linha de raciocínio e afirmou que a tendência é que haja uma mudança de foco dos produtos para soluções com a adoção de sistemas de inteligência artificial:

"Antes, o foco era em produtos. Agora, com APIs e hiperpersonalização, os bancos podem oferecer serviços de consultoria para seus clientes. É necessário mudar a ideia de que o banco é um lugar onde você vende produtos. O produto precisa ser parte da jornada do cliente, facilitando a vida dele. Ele não precisa aprender sobre cada produto, você só precisa oferecer a solução certa no momento certo."

O CEO do Itaú afirmou que a IA vem sendo adotada em todos os setores da empresa, desde atendimento ao cliente, passando pelos processos internos, até o desenvolvimento de novos produtos.

Alguns sistemas estão operacionais, enquanto outros encontram-se em fase de testes. Maluhy ressaltou a importância de fazer um uso responsável da IA, desenvolvendo padrões internos de ética e segurança, uma vez que a regulação do setor está travada no Congresso Nacional.

Segundo uma pesquisa recente divulgada pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), 7,3% das aplicações de IA implementadas no Brasil podem ser consideradas de "alto risco", segundo as diretrizes do Projeto de Lei 2338/2023, que visa regulamentar o uso da tecnologia no país 

Além da "hiperpersonalização" dos serviços, Maluhy destacou que a IA passará a desempenhar um papel central na prevenção de fraudes bancárias. 

O CEO do Itaú concluiu sua participação afirmando que os ganhos de produtividade são evidentes após a adoção de IA, especialmente no que diz respeito aos serviços oferecidos nos canais digitais do banco e à experiência do usuário. 

Vélez destacou ainda que, a partir da implementação do Drex, a moeda digital de banco central (CBDC) brasileira, os contratos inteligentes contribuirão para tornar o crédito mais acessível a uma base ampla de clientes.

Recentemente, o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, manifestou uma opinião semelhante, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil. Galípolo afirmou que o Drex tem potencial para produzir uma "revolução" no sistema financeiro brasileiro, reduzindo significativamente o custo do crédito para os consumidores finais.