Depois de dispensar 20% dos funcionários em maio, os controladores da fintech brasileira Stone venderam 17% de suas participações na bolsa de valores estadunidense Nasdaq, embolsando US$ 400 milhões. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Os controladores da Stone venderam 13 milhões de ações na Nasdaq, pelo valor médio de US$ 29,50, totalizando cerca de US$ 400 milhões ou R$ 2 bilhões na cotação do dólar no dia da venda, 26 de maio.
A venda aconteceu duas semanas depois da Stone ter demitido 1.300 funcionários alegando impactos da crise de coronavírus. A fintech foi cobrada pois havia se comprometido a não dispensar funcionários, chegando a participar do "Movimento Não Demita".
Um dos dispensados, Thiago Silva, diz-se decepcionado com a postura da empresa de não honrar seu comprometimento com os postos de trabalho:
“Eu ouvi a respeito disso. Fiquei muito decepcionado com a Stone. Eles falam muito nesta cultura de ‘no bullshit’ (sem besteira), mas é uma empresa que corta na sua base”
O diretor comercial da Stone, Augusto Lins, havia anunciado a participação da Stone no Não Demita em 15 de abril. Ele disse à época: "Para que eu vou encarar um custo de demissão se depois vou ter de contratar?".
Porém, em 12 de maio, o presidente da fintech, Thiago Piau, disse que tomaria "a decisão mais difícil" da empresa, cortando 20% dos funcionários devido aos impactos econômicos da pandemia.
Além dos benefícios da CLT, a Stone também ofereceu aos demitidos 4 meses adicionais de plano de saúde, um reforço no vale-alimentação e apoio na recolocação dos funcionários no mercado de trabalho.
Os atuais presidente e vice-presidente do conselho de administração da fintech, André Street e Eduardo Pontes, que detinham 60% do controle da empresa, também venderam ações, mas seguem como principais acionistas, completa a matéria.
A Stone diz que as decisões dos investidores são independentes da administração da empresa. A operação de venda foi coordenada pelo banco Morgan Stanley. Desde a venda, as ações subiram 40%.
A Stone, que opera máquinas de pagamento, levantou US$ 1,5 bilhão na Nasdaq em outubro de 2018, atraindo investidores como os bilionários Warren Buffet e Jorge Paulo Lemman, além da administradora da fortuna dos donos do WalMart.
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