Durante o último dia da sétima edição do Fórum de Mídia e Think Tanks dos Brics, na última quinta-feira no Rio de Janeiro (17), participantes do evento defenderam a soberania dos países e a criação de um instituto de inteligência artificial (IA).

O encontro, que aconteceu dez dias após a Cúpula do Brics ter sido realizada na capital fluminense, reuniu cerca de 250 pessoas entre jornalistas, pesquisadores e representantes de governo. Os participantes discutiram como os países que formam o Brics podem trocar conteúdo e colaborar com a difusão da informação.

Sob o tema Brics unido: forjando um novo capítulo para o sul global, os participantes promoveram debates sobre o papel estratégico da mídia e think tanks (grupos de discussões) no desenvolvimento de estruturas de governança, no estabelecimento de padrões técnicos voltados aos interesses do Sul Global e no uso da inteligência artificial, de acordo com informações da Agência Brasil.

Um dia antes, o presidente da agência de notícias chinesa Xinhua, Fu Hua, fez o discurso de abertura do evento, enfatizando que o Brics é o principal canal de cooperação do Sul Global.

Para Wu Hailong, presidente da Associação de Diplomacia Pública da China, alguns países não veem com bons olhos o Brics, mas ressaltou que esse entendimento é “contra a lógica, já que o Brics não é contra ninguém e que o bloco promove a paz e o progresso.”

Sem citar o nome do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente ameaçou tarifar países que se alinhassem ao Brics, além de taxar o Brasil com uma alíquota alfandegária de 50%, Hailong acrescentou:

Não vamos recuar por causa do uivo dos lobos, vamos nos unir e aproveitar vantagens e crescer, apoiar o multilateralismo, se opor ao unilateralismo.

O diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Braúlio Ribeiro, ressaltou a importância da soberania e do multilateralismo nas relações entre as nações. 

Os países são soberanos e o multilateralismo é o caminho para a resolução dos conflitos no planeta, afirmou.

A construção de um instituto do Brics sobre inteligência artificial foi também tratada durante o evento. Para o diretor-geral da EBC, “a inteligência artificial pode ser extremamente benéfica para a sociedade desde que ela tenha uma governança global, os passos agora vão para além do intercâmbio e da troca de conteúdos, [seguem para] a construção efetiva de uma infraestrutura de pesquisa, tecnologia e desenvolvimento de soluções de comunicação e de ar comuns dos Brics’’.

Ribeiro disse ainda que o encontro é uma oportunidade de a empresa mostrar o trabalho de seus veículos.

Há um reconhecimento, tanto por parte da Xinhua, quanto por parte dos outros meios de comunicação, de que a EBC aqui, no Brasil, é o principal veículo público estatal de comunicação’, explicou.

O jornalista Pedro Aguiar, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), defendeu mais cooperação na área de comunicação no Brics.

O Fórum serviu para mostrar aos participantes que o investimento em mídia com capacidade de projeção internacional é fundamental para cooperação dos Brics, porque a cooperação no comércio e na indústria já está avançada, mas na comunicação ainda precisa andar longos passos, completou.

O acadêmico ainda avaliou que “o caminho proposto no encontro, é que o Brics pode ir além de um bloco que fará intercâmbio e troca de conteúdos, mas, sim, construir de forma efetiva uma infraestrutura de pesquisa, tecnologia e desenvolvimento de soluções de comunicação e de ar comuns dos Brics.”

No âmbito da regulamentação, uma comissão da Câmara aprovou recentemente um projeto que prevê reclusão de até oito anos pelo uso de IA para enganar consumidores, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.