O Ibovespa Futuros, contrato de índice negociado na Brasil, Bolsa, Balcão (B3), a Bolsa de Valores do País, chegava a 138.080 pontos (+0,2%) no início da tarde desta quarta-feira (10). O que demonstrava confiança dos investidores em relação ao Brasil, após Donald Trump impor 50% de tarifa alfandegária ao país. Apesar do fortalecimento do dólar, quem mais se fortaleceu foi o Bitcoin (BTC), que voltou a romper US$ 112 mil após a mais recente ofensiva do presidente dos Estados Unidos.
Os 50% de Trump contra o Brasil atingiram em cheio os ETFs (fundos negociados em bolsa) do país na bolsa de Nova York (NYSE), como o EWZ, que replica o Ibovespa, transacionado por US$ 27,52 (-2,27%) no momento desta edição, além de ADRs (American Depositary Receipts), que são recibos de depósito americanos que representam ações de empresas estrangeiras negociadas nas bolsas de valores dos EUA, que, no caso do Brasil, também derretiam. Caso do ERJ e do PBR, respectivos ADRs da Embraer e da Petrobras na NYSE, negociados por US$ 51,72 (-9,57%) e US$ 12,80 (-0,51%) no momento desta edição, respectivamente.
Em direção contrária, o índice do dólar americano (DXY), que se referencia por uma cesta de moedas fiduciárias consideradas fortes globalmente, encontrava-se a 97,73 pontos (+0,24%) enquanto o dólar era trocado de mãos por R$ 5,56 (-0,29%), após um pico intradiário de R$ 5,61.
Apesar da alta do dólar, os investidores pareciam desnorteados em relação à ofensiva de Trump, já que o S&P 500 e o Nasdaq caminhavam em direções opostas no momento desta edição, respectivamente a 6.273,60 (+0,17%) e 20.578,24 pontos (-0,15%). Enquanto isso, o Bitcoin atingiu nova máxima histórica ao atingir um pico intradiário de US$ 112 mil e as criptomoedas dispararam até 180%.
No Truth Social, Trump não escondeu o viés político da elevação de tarifa que causou estrago no Brasil. Segundo o republicano, “a forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento [do STF] não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”
A carta diz ainda que “os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual” e que, “se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos”.
Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse deficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!”, concluiu.
Além do Brasil, Trump tarifou Argélia (30%), Brunei (25%), Iraque (30%), Líbia (30%), Moldávia (25%) e Filipinas (20%).
De acordo com uma reportagem da CNN, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia entrar nas negociações com a Casa Branca para tentar convencer Trump a não converter em decreto presidencial o anúncio de tarifa de 50% a produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. Isso porque, a narrativa da esquerda atribui a tarifa imposta pelo republicano a um possível lobby do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos contra o STF (Supremo Tribunal Federal), que julga o ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Isso porque o parlamentar, filho de Jair Bolsonaro, deixou o país para morar nos EUA.
Depois do anúncio de Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nas redes sociais que o Brasil responderá ao tarifaço de Trump usando a Lei de Reciprocidade Econômica.
Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica. A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, declarou o presidente.
A ofensiva tarifária de Trump acontece na esteira de forte adesão nacional e global das stablecoins. Esta semana, a Binance relatou US$ 180 bilhões em entradas desses tokens em meio ao avanço de exchanges nacionais, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.