O Ministério Público do Estado de São Paulo protocolou uma denúncia contra uma série de pessoas que, segundo o MPSP, seriam os operadora da suposta pirâmide financeira PayDiamond no Brasil, que teria até mesmo enganado a CVM em suas operações. Um dos suspeitos teria usado bitcoin para 'encobrir' os lucros aferidos com o possível golpe, segundo decisão publicada hoje, 31 de outubro, no Diário Oficial.
Na denúncia o Ministério Público alega que a PayDiamond seria uma "verdadeira organização criminosa, para prática de fraudes e pirâmide, causando danos a número expressivo e indeterminado de pessoas"
O MPSP relata que a PayDiamond inicialmente teria se apresentado no mercado nacional como uma empresa que vendia equipamentos e suprimentos de informática, no entanto, pouco tempo depois do início de suas operações, o Departamento Nacional de Produção Mineral. recebeu uma denúncia contra a empresa afirmando que ela ofertava de contratos de investimentos no comércio de diamantes.
A PayDiamond que teria começado a oferecer pacotes de investimento em 2015 passou a ser investigada pela Polícia Civil já em 2016 quando supostamente, os acusados Carlos Cesar Luiz e Katia Regina Zazirskas promoveram o registro da alteração do contrato social da Pay Diamond com transferência da totalidade das quotas para Mefiboset Flaviano Mendonza Valverde, peruano, que na época era apenas porteiro de um hotel em Brasília, segundo o MP.
No entanto o peruano teria sido usado como 'laranja', sem ao menos ter conhecimento que seu nome era usado para aplicar o suposto golpe.
"A falsidade ideológica da alteração contratual é confirmada pelas declarações do acusado Dilhermano Gonçalves Pereira, que participou ativamente na promoção de eventos de captação de vítimas e formação da pirâmide, na condição de líder. Dilhermano, ao ser ouvido em declarações pelo Gaeco do Espírito Santo afirmou que jamais teve contato ou ouviu falar de Mefiboset Flaviano, mas tão somente com o acusado Carlos César, enquanto comandante da empresa e também teria encontrado em um evento a mulher deste, a acusada Kátia. Além disto, em nenhum material publicitário da Pay Diamond aparece Mefiboset como diretor ou comandante do negócio"
A suposta pirâmide teria até mesmo 'enganado' a Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) na medida em que teria conseguido registrar uma empresa junto a autarquia, a Multiplay Investiment Capital Ltda que seria cotista exclusiva no fundo de investimento também denominado Paydiamond FIDC-NP, contudo, segundo a CVM tudo não passou de uma fraude usada para dar 'legitimidade' ao suposto golpe.
"Para formação de verdadeira organização criminosa, para prática de fraudes e crime de pirâmide, os acusados Carlos Cesar Luiz e Kátia Regina contaram com a participação de outros agentes, com contribuição decisiva na captação de investidores/vítimas e para tanto não só promoveram a divulgação de suas atividades por sites na rede mundial de computadores, como também realizaram diversos eventos em várias cidades do Brasil e do exterior , em hotéis de luxo, onde reuniram em auditórios, em cada oportunidade, mais de 50 pessoas, para induzi-las a fazer transferência de dinheiro, expressivos no pretenso comércio de diamantes, com uma taxa de retorno de 5% por semana ou 240% ao ano, além de comissão por indicação de novos investidores e também sobre aqueles que estes viessem a indicar, o que já revela a formação de pirâmide financeira", diz o MPSP.
Um destes 'agentes', apontado como 'líder de expansão', seria Rodrigo de Souza Kagoachi que teria movimentado mais de R$ 300 mil reais em operações usando bitcoin na exchange brasileira Mercado Bitcoin.
"O Relatório de Inteligência Financeira RIF elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras COAF (...) relacionou movimentações de Rodrigo Kagaochi, onde se destaca em especial as seguintes movimentações: (...) Recebimentos de fornecedores (R$ 364.246,35) (...) Os recebimentos de fornecedores referem-se a créditos efetuados por Mercado Bitcoin Serviços Digitais LTDA"
Kagoachi também seria o responsável pela MKTCoin, suposta criptomoeda criada pela PayDiamond e na qual os investidores seriam remunerados, no entanto, os clientes da empresa não conseguiam 'utilizar' a MKTCoin fora das plataformas do grupo e tampouco reaver o valor investido que havia sido 'convertido' na suposta criptomoeda.
"Os representantes da Pay Diamond envolvidos nesta operação seriam justamente Adriano Mendes e Rodrigo de Souza Kagouachi (...) Nas cópias de divulgação na internet utilizadas pelos acusados Adriano e Rodrigo, há inserção de marca referente à moeda virtual MKTCOIN com menção de que se trata de uma parceria com a Pay Diamond, deixando claro que esta fraude tinha estreita relação com o crime de pirâmide e nada mais era que uma estratégia de manter as vítimas em erro por mais tempo"
Desta forma o MPSP pede, que os acusados sejam condenados pelos crimes indicados no processo aberto pelo Ministério Público, "Pelos elementos já colhidos, que constituem indícios suficientes de autoria e materialidade dos delitos de pirâmide, falsidade ideológica e formação de quadrilha, sem prejuízo de aditamento, para inclusão de outros agentes ainda não identificados, oferece o Ministério Público denúncia contra os acusados"
O processo ainda está em análise na Justiça de São Paulo.
Como noticiou o Cointelegraph, o Plustoken, pode ser considerado, com ampla margem de vantagem, o maior golpe da história das criptomoedas, tendo arrecadado mais de 201 mil Bitcoins e cerca de 10 milhões de Ethereum, além de 26 milhões de EOS e fundos em Ripple e DOGE que ainda não foi possível determinar.
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