O fechamento mensal do Bitcoin (BTC) estava cercado de expectativas positivas em torno do discurso do ex-presidente e candidato à presidência dos EUA Donald Trump na conferência Bitcoin 2024. No entanto, acabou frustrando os traders de criptomoedas que projetavam uma nova máxima histórica do BTC, a partir de um possível "pump Trump."

Apesar de o candidato republicano ter dito tudo o que os Bitcoiners desejavam ouvir, incluindo promessas de criar uma reserva estratégica de Bitcoin, não vender nenhuma moeda sob custódia do governo, demitir Gary Gensler e transformar os EUA na capital mundial das criptomoedas, o mercado não reagiu em sintonia com as palavras de Trump.

O Bitcoin encerrou julho cotado a US$ 64.628, 4,8% abaixo do valor em que era negociado durante a participação de Trump na Bitcoin 2024

No agregado do mês, a maior criptomoeda do mercado registrou uma alta de 2,96%, de acordo com dados da CoinGecko. Com isso, o desempenho do Bitcoin ficou abaixo do Ibovespa, que fechou em alta de 3,02%, e do ouro, que valorizou 6%.

O metal precioso foi ativo de melhor desempenho em um mês marcado por indecisões na corrida eleitoral americana, que agora, mais do que nunca, está em aberto após a desistência do atual presidente Joe Biden de concorrer à reeleição, e pelo acirramento das tensões geopolíticas no Oriente Médio.

Quando se trata de ativo de reserva de valor, o ouro ainda tem a preferência da maioria dos investidores – mesmo com a perspectiva de o Bitcoin ser legalmente incorporado ao Tesouro dos EUA.

Bitcoin lidera ganhos anuais

Apesar do desempenho levemente inferior ao das ações brasileiras, o Bitcoin segue liderando com folga o ranking dos ativos com maiores retornos anuais, com uma valorização de 52% em dólares e de 75% em reais. 

Inclusive, em 29 de julho, com a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar, o Bitcoin renovou sua máxima histórica em reais ao alcançar a marca de R$ 396.828.

Em segundo lugar no agregado do ano vem o ouro, com uma alta de 37%, e em seguida o dólar, que subiu 17%. O Ibovespa segue no vermelho, em baixa de 4,8%.

Melhores e piores criptomoedas de julho

No mercado de criptomoedas, o token nativo do protocolo RWA (ativos do mundo real) Mantra (OM), registrou o melhor desempenho mensal, com uma valorização de 40%. Em 21 de julho, o token atingiu US$ 1,41, alcançando uma nova máxima histórica. 

A alta do OM em julho introduziu o token no Top 100 do ranking de criptomoedas por capitalização de mercado, posicionando-o como um dos principais ativos do setor de RWA, ao lado da MakerDAO (MKR) e da Ondo Finance (ONDO). Até agora em 2024, o OM valorizou mais de 1.000%, de acordo com dados do CoinGecko.

O segundo lugar coube ao protocolo DePin (infraestrutura descentralizada) Helium Network (HNT), que acumulou ganhos de 38%. O XRP, token nativo da Ripple, fechou o Top 3 de julho, com alta de 30,6%.

Desempenho de OM, HNT e XRP em julho em comparação com o Bitcoin. Fonte: TradingView

Embora não tenha ficado entre as criptomoedas de melhor desempenho mensal, a Solana (SOL) subiu 17,1% em julho. Já o Ethereum (ETH) fechou o mês em baixa de 5,8%, apesar do lançamento dos ETF de ETH à vista nos EUA.

As maiores perdas foram registradas por Flare (FLR) – 27% –, Fantom (FTM) – 26% –, Uniswap (UNI) – 23% – Render (RNDR) – 22% – e Brett (BRETT) – 21%.

Analisando os movimentos do mercado de criptomoedas em julho, presume-se que as narrativas de RWA, DePin e ecossistema da Solana estão em alta neste momento, enquanto IA, memecoins e ecossistema da Ethereum estão em baixa.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, os saques do ETF de Ethereum da Grayscale estão pressionando negativamente o preço do Ether. Além disso, a rede líder de contratos inteligentes enfrenta problemas de escalabilidade, crescimento sustentável de seu ecossistema de DApps (aplicativos descentralizados) e ainda patina no que diz respeito à adoção institucional.